Cássia Rejane Eller, carioca, nascida em 10 de dezembro de 1962. Quando essa força da natureza, um verdadeiro furacão musical, que passou pela MPB, entre o final dos anos 80 e 2001, deixando um rastro de talento e saudade surgiu, ninguém conseguiu encaixá-la numa caixinha musical. Se sua obra e talento fossem título de álbum do Ney Matogrosso, certamente o título seria “Inclassificáveis”. E assim seguimos para uma super viagem pela carreira da grande artista CÁSSIA ELLER.
Sua voz grave e sua postura irreverente no palco abalavam as estruturas, mas seu irresistível jeito tímido e moleca de ser, não deixavam dúvidas de que no fundo, ela era apenas uma garotinha.
Fã ardorosa dos meninos de Liverpool, os Beatles, teve no Rock o primeiro segmento de expressão da sua voz. “Por Enquanto”, de Renato Russo, foi o primeiro sucesso que sua voz emplacou no seu primeiro disco. Mas Cássia não cabia em um único segmento musical. Gravou além do rock, muito blues, samba e MPB. Sua voz passeou pelas obras de Cazuza, Caetano Veloso, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Djavan, Zé Ramalho, dentre outros.
No Natal de 1992, ao completar 30 anos, Cássia vivia os primeiros passos de uma carreira que já parecia promissora. Além disso, havia um outro motivo para comemorar: ia finalmente ser mãe: Francisco Ribeiro Eller, o Chicão, o hoje em dia Chico Chico, que nasceu em 21 de agosto de 1993. Um ano depois de se afastar de palcos e estúdios para cuidar do filho, Cássia voltou à ativa para lançar seu terceiro álbum. O álbum que tinha Malandragem e E.C.T., teve também um destaque para uma das faixas, chamada de “Primeiro de Julho”, composta especialmente para Cássia, enquanto ela estava grávida, pelo amigo Renato Russo. De acordo com a mãe de Renato, ele fez a música por se sentir muito tocado pela situação que aquela gestação havia ocorrido.
Um dos compositores que Cássia mais gravou foi seu amigo e parceiro musical Nando Reis. Aliás, Nando Reis é um capítulo à parte na vida de Cássia Eller. Os dois se conheceram por intermédio de Marisa Monte. Marisa falou ao compositor que Cássia procurava músicas inéditas. Nando então mostrou muitas músicas a Cássia e, assim, teve início um relacionamento de amizade que se transformou numa parceria profissional selada definitivamente em 1999, quando Cássia convidou Nando para produzir seu novo disco. O convite foi aceito sem hesitação. Embora envolvido com shows de sua carreira solo, shows da banda e o trabalho de compositor, Nando encarou a produção do disco de Cássia Eller como uma de suas prioridades profissionais e, com habilidade, conseguiu conciliar todos os compromissos, realizando uma produção que encantou a própria Cássia, pois ela conseguiu mostrar ao público uma outra faceta, mais suave, delicada, quase camerística. Com Nando, seu mundo ficava completo.
Malandragem, O Segundo Sol, ECT, Nós, Palavras Ao Vento, Relicário, All Star são apenas alguns dos sucessos que a voz poderosa de Cássia Eller produziu, e que ecoam e nos atravessam até hoje. Como dizem os versos de Péricles Cavalcanti: “Eu poderia ser escravo do trabalho, ser um banqueiro, um estilista do baralho. E não há nenhuma hipótese que eu não considere, mas o que eu queria mesmo ser é a Cássia Eller”. É uma gota de história. É para lembrar. É para não esquecer.