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Alessandro Marba e o despertar da consciência negra através das artes cênicas | PERFIL

Por tOn Miranda

Alessandro Marba é sinônimo de arte e persistência. San (como eu o chamo na intimidade da nossa amizade) é um artista dos palcos, dono de uma trajetória artística que vem sendo construída com muita paixão e mergulho nos estudos e na pesquisa. Cofundador da Companhia do Pássaro – Voo e Teatro, junto com seu companheiro, o ator e diretor Dawton Abranches, juntos mantém viva a Cia e o Espaço Cia do Pássaro no coração de São Paulo.

Ator e ginasta acrobata, é um conhecedor profundo dos movimentos do seu corpo e um pesquisador natural de novas técnicas de atuação, tem uma formação ampla e dilatada que passa pela formação teatral no Teatro Escola Macunaíma e pela Escola de Arte Dramática, a EAD/ECA da USP, licenciatura em teatro pela Faculdade Paulista de Artes e pós-graduado em Gestão Cultural Contemporânea do Instituto Itaú Cultural. No teatro já atuou em premiados espetáculos musicais, espetáculos infantis, e espetáculos dramáticos como o aclamado BAQUAQUA – Documento Dramático Extraordinário, com texto de Dione Carlos e direção de Dawton Abranches.

Marba também é apresentador aqui do Canal Diversão & Arte onde já desenvolveu projetos com o personagem Marbinha que dá dicas culturais para as crianças e adolescentes na Agenda Cultural com o quadro Momento #Rolezinho, apresentação do programa #Rolezinho que invade os bastidores dos espetáculos infantis e leva um papo com os atores e os personagens das montagens teatrais. Participou ainda da segunda temporada do programa MOVIMENTO em 2018 apresentando o programa com tOn Miranda e Vini Rigoletto. Em 2020, em meio a pandemia da COVID-19, apresentou a primeira temporada do programa ENCONTRO NO NINHO com direção de Dawton Abranches e tOn Miranda.

Um artista consciente, dono de um corpo político que carrega as demandas do povo preto e da comunidade LGBTQIA+, e que tem traçado um caminho admirável cheio de NÃOS que ele persiste em transformar em SIM e com isso despertar a cada dia uma consciência preta a quem tem a oportunidade de se relacionar com a sua arte.

De prontidão, Alessandro Marba topou responder nossas 28 perguntas da coluna PERFIL para juntos conhecermos um pouco mais da sua história de vida e de arte.

tOn Miranda: Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?

Alessandro Marba: Brincar de queimada com toda a galera da rua, na frente da casa da Ângela. A gente não via a hora de chegar o sábado para nos reunirmos e começar o campeonato do dia.

tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?

Alessandro: Comecei com o esporte, fiz ginástica olímpica, depois ballet clássico e tive um grupo infantil de dublagens. O teatro surge como entendimento para a rotina que eu já desenvolvia sem conhecimento das técnicas.

tOn: Quem é uma inspiração para você?

Alessandro: Todo ser humano de forma geral que traz na sua essência o entendimento e prática da coletividade. Tão lindo nos inspirar pelas pessoas que pensam e agem pelo próximo, independente de quem seja este próximo. Que agem somente pelo bem do outro. Isto me inspira muito.

tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?

Alessandro: O julgamento. Estamos sempre fazendo isto. Seja com algo, alguém ou consigo mesmo.

tOn: O que você vê como seus pontos fortes?

Alessandro: A positividade.

tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?

Alessandro: 8.315 Km. É verdade, não vou dizer o local, só jogar no Google. (risos)

tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?

Alessandro: Duralex e Marinex (risos). Eram os que tinham na minha casa na infância. Eu lembro porque sempre fui muito detalhista e olhava o que estava escrito no pratos, nos talheres, mas agora falando de comida: uma que eu como até hoje porque eu sou extremamente viciado que é Farinha Láctea (Nestlé), que eu como no prato, e também caranguejo, porque meu pai era pescador e pegava caranguejo no mangue.

tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?

Alessandro: Em 2010, quando entrei pro elenco da montagem do Musical da Broadway, Cats – O Musical, no extinto Teatro Abril aqui em São Paulo e percebi que eu poderia me profissionalizar como artista. Passei a ter um outro olhar para a Arte que eu fazia.

tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?

Alessandro: Nossa sou eclético demais, não tenho um, mas vários: Cazuza, Cássia Eller, Claudinho e Buchecha, Art Popular, Exaltasamba, Aretha Franklin e por aí vai.

tOn: Quem são os seus melhores amigos?

Alessandro: Olha a corda no pescoço que você me coloca, citar nomes a gente sempre esquece, mas eu tenho alguns ótimos amigos e eles sabem quem são. Eu nunca tenho problema em dizer para ELXS que os amo e que fazem parte da minha vida, ou que sou muito grato por me permitirem fazer parte de suas vidas.

tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?

Alessandro: Poxa Canal eu não me lembro, mas programa, com certeza é o Cocoricó da TV Cultura. Era tão apaixonado que a vida me deu a oportunidade de dar vida ao personagem João (o primo do Júlio) no teatro. João um personagem negro, morava na cidade e passava férias na fazenda, obcecado pela cultura hip hop, pensamentos científicos, tecnologia. Uma baita representatividade.

tOn: Quem são os seus heróis?

Alessandro: Meu pai e minha mãe.

tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?

Alessandro: Nas montanhas russas do parque da Disney.

tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?

Alessandro: Álcool 70% e Máscara Fácil (vale OURO nos tempos atuais e sou muito grato).

tOn: Qual filme merece uma sequência?

Alessandro: Sou péssimo com nome de filme, mas um me marcou muito quando criança, é O Milagre de Fátima (The Miracle of Our of Lady of Fatima), de 1952, porque passava muito na sessão da tarde. Tanto que umas das maiores emoções da minha vida até hoje foi estar em Fátima (Portugal).

tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?

Alessandro: Nelson Mandela – por ser um filho da nobreza tribal da etnia Xhosa, pela sua trajetória e pela sua luta contra o Apartheid (regime de segregação racial na África).

tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?

Alessandro: A acreditar mais nas suas potencialidades e não desistir das coisas por medo, teria continuado na Ginástica Olímpica, me formado no Ballet Clássico, terminado minha primeira faculdade de Biologia Marinha, abandonei no último ano. Essas coisas…

tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?

Alessandro: Senhor Empático (queria ter o poder de fazer as pessoas se colocarem no lugar do outro).

tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?

Alessandro: Sempre tive vontade de trabalhar, ganhar bastante dinheiro e poder mudar a vida da minha família, digo financeiramente mesmo. Aquele sonho de casa, comida, estudo e tranquilidade pra família toda. Construir vários casarões e lotar uma quadra só com a família. Irmãos, irmãs, tio, tia, sobrinha, sobrinho, papagaio e o escambau e isto tudo alcançado através da minha arte. Mas não vai ser (risos). Então que eu seja lembrado pelo meu sorriso.

tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?

Alessandro: Quantos anos você tem? Bobeira isto. Contar anos, significa matar possibilidades. Fazer você acreditar que não é mais capaz de realizar seus sonhos.

tOn: Uma cor…

Alessandro: Azul Céu.

tOn: Uma música…

Alessandro: O Vento (Los Hermanos)

tOn: Um lugar…

Alessandro: Um lugar com muita árvores. De contato com a natureza.

tOn: Um livro..

Alessandro: Where the Wild Things Are (Onde vivem os Monstros) de Maurice Sendak.

tOn: Dia ou Noite?

Alessandro: Noite

tOn: Doce ou Salgado?

Alessandro: Doce

tOn: Um prazer…

Alessandro: Atuar

tOn: Uma saudade…

Alessandro: Brincar de Queimada na rua com meus amigos de infância ou um dia de ensaio no meu quintal com a Turma 2000.

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