Por tOn Miranda
Quando eu penso numa pessoa inspiradora pelo simples fato de existir, meu imaginário é povoado pela pessoa de Dawton Abranches. Um cara que transforma as dificuldades da vida em objetivos a serem alcançados e sonhos a serem concretizados. Quando eu o conheci no começo dos anos 2000, ele era um estudante fazendo seu mestrado/doutorado em Estomatopatologia (especialização em Odontologia). Porém, além de exercer brilhantemente sua especialização odontológica, ele voou atrás do sonho de se expressar através das artes cênicas. O ator, diretor, dramaturgo, produtor cultural e cofundador da Cia do Pássaro – Voo e Teatro iniciou a carreira artística no teatro amador em 1989, mas foi no Teatro Escola Macunaíma que começou sua formação. Na sequência, aperfeiçoou-se no Centro de Pesquisa Teatral do SESC, sob a coordenação de Antunes Filho. Atualmente, cursa a Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP).
Espetáculos como o show musical “MUSIQUE FRANÇAISE” (2011), de Annick Dubois, Gabriel Levy, Johnny Frateschi e Paulo Tinó; e os espetáculos “ORIKI – KONGERIGET-IFÉ” (2014), “TITIO” (2015), “BAQUAQUA – Documento Dramático Extraordinário” (2016-2019) e “O HIPOPÓTAMO DE ESCOBAR” (2019-2020) ganharam seu olhar e sua assinatura como encenador e como um brinde da vida, ganhou uma parceria frutífera e arrebatadora com a dramaturga Dione Carlos (autora dos últimos espetáculos citados).
Dawton Abranches, esse ariano, estranhamente tímido, atendeu meu pedido para responder as 28 perguntinhas da coluna PERFIL e deixou que juntos possamos conhecer um pouco mais desse artista, que junto com seu companheiro, o ator, diretor e gestor cultural Alessandro Marba, administram e trazem vida para o Espaço Cia do Pássaro, no coração de Sampa, lugar que pulsa arte e cultura da forma mais aconchegante nesse reduto físico e testemunha ocular do nascimento do Canal Diversão & Arte.
tOn Miranda: Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?
Dawton Abranches: Brincadeiras solitárias.
tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?
DA: Não faço ideia. Mesmo estando envolvido em outras áreas, sempre estive ligado ao meio artístico de alguma forma.
tOn: Quem é uma inspiração para você?
DA: Profissionais em geral que trabalham com Arte e Teatro e não têm a abertura ou os recursos disponíveis aos “grandes” do meio e ainda assim resistem em seus espaços possíveis.
tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?
DA: Falar demais e desrespeitar o convívio em sociedade.
tOn: O que você vê como seus pontos fortes?
DA: Persistência, tolerância e capacidade de adaptação.
tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?
DA: Nos meus sonhos.
tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?
DA: Rosca de leite condensado da minha mãe, Nhoque da minha tia e Peixe assado recheado com farofa do meu pai.
tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?
DA: Se o talento mencionado estiver relacionado à atividade artística, foi quando conheci o Alessandro Marba.
tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?
DA: Sou eclético.
tOn: Quem são os seus melhores amigos?
DA: Eles sabem quem são.
tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?
DA: Hoje, na TV paga, existem canais com programações variadas que apresentam programas muito interessantes em vários seguimentos. Não saberia se daria caldo misturar tudo em um único canal. Acho mais fácil poder escolher em um menu específico. O que deveria existir é a acessibilidade universal a isso. Na TV aberta, tenho sentido falta de uma programação infantil de qualidade como os clássicos da TV Cultura.
tOn: Quem são os seus heróis?
DA: Não acredito em heróis.
tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?
DA: Mundo inteiro.
tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?
DA: Uma caixa de bombons.
tOn: Qual filme merece uma sequência?
DA: Sempre é possível melhorar ou estragar uma história. O importante é fazer cinema.
tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?
DA: Alguns que já morreram a bastante tempo. Gostaria de entender como pensavam no contexto histórico em que se inseriam.
tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?
DA: A não ter medo.
tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?
DA: Já assistiu ao The Boys, na Amazon? Perigoso…
tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?
DA: Como alguém que fez as pessoas rirem e chorarem por bons motivos e boas histórias.
tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?
DA: Quem é o ativo e quem é o passivo?
tOn: Uma cor…
DA: Todas
tOn: Uma música…
DA: samba, especialmente sambas enredo. Músicas que tenham presença de acordeom também.
tOn: Um lugar…
DA: Serra da Mantiqueira.
tOn: Um livro..
DA: muitas bibliotecas
tOn: Dia ou Noite?
DA: Dia (noite é pra dormir)
tOn: Doce ou Salgado?
DA: Ambos
tOn: Um prazer…
DA: comer e dormir
tOn: Uma saudade…
DA: ando sempre com saudades da minha família.