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Com direção de Malú Bazán, MULHERES SONHARAM CAVALOS estreia dia 13 de novembro de forma presencial

Montagem do texto do argentino Daniel Veronese traz no elenco Anna Toledo, Erica Montanheiro, Rita Pisano, Bruno Perillo, Gustavo Trestini e Haroldo Miklos.

A peça foi escrita 20 anos após o final da ditadura Argentina, num momento de grande crise econômica do país, e nos remete às diversas consequências desse regime, como o horror das crianças “tiradas” dos seus pais militantes e dadas em adoção para outras famílias. 

No texto, uma dessas possíveis crianças seria a personagem Lucera, que busca encontrar pistas para juntar as lembranças de sua infância mais remota, e assim tentar entender as ausências que sente.  Como se sua história tivesse sido apagada, arrancada de maneira brutal, e metaforicamente como se o continente todo carregasse tal carma para sempre.

Ausências, lapsos, diálogos entrecortados: todas as personagens da peça, cada uma a seu modo, coexistem nesse mundo colapsado. E respondem a ele com a linguagem premente do presente: a violência. 

Mulheres Sonharam Cavalos desvela a violência que permeia o cotidiano, incrustada de tal forma em nossas vidas e relações intersociais, que não discernimos mais de onde vem, apesar de que a sentimos pulsar constantemente, como bombas prestes a explodir.

Historicamente, todavia, sabemos que a ultraviolência é a marca maior do processo de colonização da América Latina, e igualmente das ditaduras militares que nos assolaram e ainda assolam, e, portanto, desde então marcam nossos corpos, nossas almas e nossas atitudes; atitudes essas que seguem se repetindo em looping na montanha russa da história. 

No espetáculo vemos um jantar em família.  Três irmãos em rotas de colisão desiguais; suas esposas, cada uma à sua maneira estrangeira a esse núcleo masculino.  Um encontro desencontrado no tempo, que revela, no limite tênue das relações, uma explosão de memórias soterradas, de marcas invisíveis, das mágoas que carregamos. 

A montagem pelas palavras da direção

“Minha relação com esse texto começa em 2020 com o convite de fazer parte desse projeto. Ou melhor, talvez comece um pouco antes, talvez em 2017, quando fui pela primeira vez com um espetáculo meu pra Argentina e me percebo uma diretora “brasileira” no país onde eu nasci. Ou talvez um pouco antes ainda, quando em 1981 meus pais deixaram a Argentina, que ainda vivia seu “Processo de Reorganização Nacional”, ou dizendo claramente, estava em plena ditadura militar, e vieram para o Brasil trazendo duas meninas pequenas (minha irmã e eu) na bagagem, o que seria meu primeiro deslocamento de muitos entre esses dois países. Enfim, minha encenação é permeada por tudo isso, e nasce do encontro da minha história com as palavras sonhadas de Veronese, a vivência-memória da violência que nos cerca e compõe, a experiência dessa violência percebida e registrada no corpo dos atores e em cada um de nós que sonhamos essa peça juntos e que decidimos colocar essa poesia da violência em cena. E essa história também fala do nosso reencontro com o palco, porque depois de mais de um ano e meio longe, claro que o espaço-teatro e seus elementos passaram a fazer parte dessa narrativa que agora vai poder se completar com um dos elementos mais importantes: o encontro com a plateia.”

O percurso para a realização da obra

A vontade de montar Mulheres Sonharam Cavalos surgiu no final de 2019, quando a atriz Rita Pisano conheceu o texto de Daniel Veronese e se assombrou com a intensidade visceral da escrita do dramaturgo argentino.   No início de 2020 convidou parceiros do Teatro para sonharem juntos essa montagem, que foi interrompida pela pandemia. 

O hiato pandêmico possibilitou estudos virtuais da peça, em seus mais variados contextos, em especial a história da América Latina. O estudo sobre as ditaduras militares do nosso continente sempre foi objeto de interesse da atriz. No texto de Veronese este tema aparece diluído no dia a dia de uma família. 

Sinopse

Um jantar em família.  Três irmãos em rota de colisão desiguais; suas esposas, cada uma à sua maneira estrangeira à esse núcleo masculino.  Um encontro desencontrado no tempo que revela no limite tênue das relações uma explosão das memórias soterradas, das marcas invisíveis que carregamos. 

Existe só uma forma de violência? 

Existe uma nova violência no ar. 

E agora? É acreditar ou explodir.

Ficha Técnica

Texto de Daniel Veronese. Tradução e Direção de Malú Bazán. Elenco: Anna Toledo, Erica Montanheiro, Rita Pisano, Bruno Perillo, Gustavo Trestini e Haroldo Miklos. Trilha Sonora: Malú Bazán e Bruno Perillo. Cenário e Figurinos: Anne Cerutti. Desenho de Luz: Miló Martins. Fotografia: Cassandra Mello. Operação de Luz e Som: Guilherme Soares. Assistência de Produção e Figurino: Marcelo Leão. Produção: Anayan Moretto

Serviço

Mulheres Sonharam Cavalos

Temporada: de 13 de novembro a 06 de dezembro, de quinta a segunda, às 20h15
Local: º Andar
Duração: 80 minutos

Lugares: 20
Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos

Ingresso: Gratuito – Retirados pelo Sympla

º Andar
Rua Dr. Gabriel dos Santos, 30 – 2º andar, São Paulo – SP

Espaço localizado no segundo andar com acesso por escadas.
www.oandar.com
Instagram:@o.andar

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