Passos que contam histórias: o encanto poético do dançarino e professor Felipe Melo| PERFIL

O bailarino nordestino que encontrou na arte uma forma de transformar sua trajetória e abrir caminhos inesperados

Felipe Melo, bailarino e professor de dança | FOTO: Maxwell Silva Santos

Por tOn Miranda

Felipe Melo é a prova viva de que a arte pode não só transformar destinos, mas abrir portas para mundos que pareciam impossíveis. Nascido no Rio Grande do Norte, ele iniciou sua jornada na dança de salão em 2009 no Clube Albatroz, e desde então, nunca mais parou. O caminho, no entanto, não foi fácil: entre passos de zouk e aulas no calor dos ensaios, Felipe conciliava a realidade de um jovem preto e pobre, enfrentando a fome e as dificuldades diárias.

Mas a dança, como ele diz, foi um “escape” e uma luz em meio às sombras. Em sua primeira viagem para um congresso de dança, Felipe descobriu novas possibilidades em Porto Seguro. Desde então, ele conquistou o mundo: ministrou aulas em Recife, dançou em festivais internacionais na Argentina e Uruguai a bordo do navio MS Poesia e viveu uma experiência marcante ensinando dança na Suécia por três meses. Hoje, estabelecido em São Paulo, Felipe atua como professor no Espaço Nutri Fitness, além de ser presença constante nas noites de baile da capital paulista.

Felipe Melo | FOTOS: arquivo pessoal / divulgação

Além da dança, a trajetória de Felipe é definida por sua incansável dedicação e paixão pela arte. Sua jornada é marcada por um equilíbrio impressionante entre disciplina e criatividade, sempre impulsionado pelo desejo de expandir horizontes. “A arte foi uma porta que me abriu outras portas”, reflete ele, reconhecendo como a dança o levou a destinos inesperados, como Londres e Estocolmo. Cada experiência internacional, cada congresso e aula ministrada, contribuiu para fortalecer ainda mais seu compromisso com a dança e sua visão de mundo.

Para Felipe, a dança é mais do que uma profissão: é um refúgio e um propósito. Ele compartilha que, muitas vezes, dançou com fome e retornava para casa sem saber se haveria comida, mas foi essa paixão que o manteve forte e focado. Em meio às dificuldades, ele evitou caminhos que muitos amigos e familiares seguiram, encontrando na dança a força para resistir e transformar sua vida.

Hoje, Felipe Melo não apenas celebra a sua jornada, mas também inspira outros ao compartilhar sua história de superação. Com o sonho de levar a arte para seus filhos e para todos ao seu redor, ele defende que a dança deveria fazer parte da vida de todos. “A dança me fez uma pessoa melhor”, reflete. E é essa vivência que ele deseja transmitir para as futuras gerações, mostrando que a dança tem o poder de mudar vidas.

Agora, com exclusividade, ele respondeu algumas perguntas para a coluna PERFIL, revelando ainda mais detalhes sobre essa trajetória fascinante e cheia de movimento. Vamos conhecer um pouco mais sobre o homem que carrega o mundo nos pés e o fogo no coração.

Felipe Melo | FOTO: Maxwell Silva Santos

tOn Miranda: Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?

Felipe Melo: Sentado na sala com meus irmãos assistindo fita cassete do Michael Jackson.

tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?

FM: Fui ver uns amigos de infância dançando e isso contribuiu para minha ida na dança.

tOn: Quem é uma inspiração para você?

FM: Michael Jackson

tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?

FM: Reclamar de tudo

tOn: O que você vê como seus pontos fortes?

FM: Não desisto do que eu quero tão fácil.

tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?

FM: Suécia e Londres (Inglaterra).

tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?

FM: Feijão de mainha e feijão da sogra.

tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?

FM: Acho que logo que iniciei na dança não pensei em fazer outra coisa. Sempre fui dedicado ao que faço.

tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?

FM: Emílio Santigo no álbum Flamboyant

tOn: Quem são os seus melhores amigos?

FM: Afonso, Marcelo e Jonathan.

tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?

FM: A realidade do pobre negro que cresceu na favela.

tOn: Quem são os seus heróis?

FM: Nelson Mandela e Martin Luther King

tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?

FM: Paris (França)

Felipe Melo | FOTO: arquivo pessoal / divulgação

tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?

FM: Então vamos lá, pra ser bem sincero, eu acredito que nada vem de graça, sabe? Até pra nascer dói… então levo isso comigo, entende? Tudo na vida tem um preço. Aquilo que é gratuito as pessoas não valorizam. Eu já consegui muitas coisas na vida e sei que cada uma tem o seu real valor, mesmo que pequeno ou até insignificante mais tudo tem o seu devido valor. Então, procuro observar bem o que ganho ou o que vem até a mim, mas levo isso comigo, nada vem de graça, tudo tem seu preço, seja afeto, seja objeto, mas tudo tem seu valor.

tOn: Qual filme merece uma sequência?

FM: Os Meninos Que Enganaram Nazistas, Entrevista Com Deus, Poderoso Chefão

tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?

FM: Anna Lidstrom  /  relação – distância – paixão proibida.

tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?

FM: Acredite mais em você e não desista dos seus sonhos.

tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?

FM: Eu queria ser um herói sem capa, onde minha missão seria mudar a realidade dos menos favorecidos através do respeito, educação e dança.

tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?

FM: Que eu fui a melhor pessoa possível, dei o meu máximo e trabalhei duro pra mudar minha realidade.

tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?

FM: “Você faz o que da vida? Sou professor de dança”

tOn: Uma cor…

FM: Branco

tOn: Uma música…

FM: A Vida Em Festa – Fernando Ébano

tOn: Um lugar…

FM: Praias do Nordeste

tOn: Um livro..

FM: O Corpo Fala

tOn: Dia ou Noite?

FM: Noite

tOn: Doce ou Salgado?

FM: Salgado

tOn: Um prazer…

FM: Dançar

tOn: Uma saudade…

FM: Europa.

Felipe Melo – bailarino e professor de dança | FOTO: Maxwell Silva Santos

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