Por Bia Ramsthaler
Oswaldinho era mais do que músico, era violeiro, compositor, pesquisador, contador de causos e articulador cultural.

Foi figura central na criação de espaços de resistência para a música caipira na imensa metrópole de São Paulo. Ao lado de Marisa Viana, criou o Armazém Bar que se tornou um dos principais redutos musicais nos anos 1990. Na década seguinte os Viana inauguraram o Café Fubá, no bairro do Ipiranga, também em São Paulo.

Anos mais tarde Oswaldinho e Marisa abriram o “Quintal dos Viana” para os famosos almoços na roça e promoveram juntos, mais uma vez, um espaço de encontros e trocas entre a música e seu público.
Nascido em Piraju, cidade do interior de São Paulo banhada pelo belíssimo Rio Paranapanema, Oswaldinho se formou em Engenharia Civil, mas se viu envolvido com a música desde muito jovem, passando a circular por festivais no interior de São Paulo e Minas Gerais.



Com sua característica agregadora, Viana sempre uniu, abraçou e lutou pela causa da música brasileira de raiz, quase sempre escanteada pelo progresso que se acostumou a olhar para a cultura interiorana como representação de um passado, como se passado e futuro fossem tempos em oposição.
Personagens como Oswaldinho Viana conseguiram quebrar as barreiras da metrópole para a preservação dos veios de rio que recebem as águas que correm entre as canções que ligam o interior à capital, o sertão ao mar.
Oswaldinho foi articulador e agregador. Por seu intermédio conheci figuras como Renato Teixeira, João Pacífico, Inezita Barroso, Helena Meireles, Deo Lopes, Dércio Marques, Grupo Tarumã, Passoca, Miltinho Edilberto, Ceumar, Chico Cesar, Jica Y Turcão, Grupo Tarancón, Jean Garfunkel, Zé Geraldo, Enan Rakan, Ivaldo Moreira, Cláudio Lacerda, Grupo Paranga, Paulo Simões, Guilherme Rondon, Geraldo Roca, Celia e Celma, João Bá, Galba e o Grupo Mina das Minas, Elomar, Xangai, Adauto Santos, Katya Teixeira, Alzira E, Itamar Assumpção, Tetê, Espíndola, Dani Lasalvia, Carrigo, Irene Portela, Arrigo Barnabé, Luli e Lucina e tantos outros artistas que abriram para mim um universo chamado “Brasil”.
Oswaldinho foi o grande responsável por todas as escolhas que fiz na vida, na arte e na produção. Se hoje vivo disso, para isso, por isso, é porque lá atrás o encontrei (sempre ao lado de Marisa) e tive deles o apoio, o incentivo, o alicerce.
Insubstituível, Oswaldinho nos deixou em 23 de abril aos 71 anos abrindo um enorme vazio no meio musical. Quem, como ele, é hoje capaz de abraçar, abrir espaços, agregar, apresentar, dividir o palco e o coração? Quem, como ele, absolutamente despido de ego, seria capaz de ser tão generoso com a música, com o músico, com a cultura brasileira? Oswaldinho é sinônimo de generosidade e sua história um legado para os que vierem depois!