RABISCO PODCAST| Mario Canivello e as perspectivas pro Mercado Audiovisual Brasileiro pós-pandemia.

O que esperam os profissionais do mercado do Cinema, Séries e Audiovisual como um todo?

Por tOn Miranda

Mário Canivello, é um dos profissionais de comunicação e gerenciamento de carreira, e também produtor de audiovisual mais influentes do mercado. Nomes como Chico Buarque, Maria Bethânia, Cauã Reymond, Leandra Leal, Marisa Monte, entre outros, estão no seu currículo de 30 anos de experiência no mercado artístico como assessor de imprensa, agente e gerente de carreira da Canivello Comunicação e Management e sócio-produtor da Sereno Filmes (produtora audiovisual que tem em sociedade com Cauã Reymond e responsável por diversos sucessos nacionais recentes).

O papo que tivemos, passeou por essas questões do audiovisual, da carreiras e agenciamento artístico e muito mais. Acompanhe abaixo um pequeno trecho do bate-papo fantástico e das reflexões e provocações que tivemos:

tOn Miranda

Uma pergunta difícil mas uma reflexão necessária em um contexto delicado como o que vivemos hoje: como você e a própria Sereno Filmes, sua produtora com Cauã Reymond, projetam o futuro do mercado cultural pós-pandemia, principalmente sob a perspectiva do cinema nacional? O que você acha que podemos esperar?

Mario Canivello

Oi, tOn. Eu que agradeço o convite. Muito obrigado.

Em relação ao cenário pós-pandemia, eu desconfio que a indústria cultural será um dos últimos setores a se recuperar, porque ele depende em grande parte da aglomeração de pessoas em ambientes fechados, como teatros, cinemas, casas de shows. A gente está vivendo um momento de grandes incertezas, ninguém sabe muito bem quanto tempo vai durar ainda essa quarentena e menos ainda quais serão as orientações das autoridades médicas no que diz respeito a distanciamento social. Então eu imagino que por um bom tempo as pessoas ficarão inseguras em relação a proximidade física em ambiente fechado, com muita gente.

Nesse sentido, os eventos esportivos vão estar em muito melhor posição já que muitos deles costumam ser televisionados e não precisam necessariamente da presença física do espectador, pelo menos não neste primeiro momento, como é o caso do futebol, então eles serão retomados muito mais rapidamente, eu imagino.

Agora, em relação ao mercado audiovisual mais especificamente, ele já vinha enfrentando grandes dificuldades desde a entrada desse novo governo, que abriu uma guerra sem precedentes contra o setor artístico. Eles não reconhecem valor na Cultura. A Ancine foi completamente paralisada e as únicas produções audiovisuais que aconteceram, ou tiveram verbas liberadas, é porque já tinham sido aprovadas na gestão anterior e o dinheiro já se encontrava alocado.

Nesse período, o mercado só pôde contar quase que exclusivamente com as plataformas de ‘streaming’, que é o caso da Netflix e Amazon, e também com as ‘majors’ estrangeiras que estão no Brasil, que por lei têm obrigação de produzir no País e não necessariamente dependem de verba pública. Com a pandemia, o setor foi obrigado a parar completamente, como, aliás, quase todos os setores. Muitas das produções de filmes e séries que estavam em andamento certamente serão retomadas, mas eu acredito que o impacto econômico dessa quarentena vai ser brutal. Muitas empresas vão certamente quebrar, haverá muito desemprego.

Pessoalmente, porém, prefiro ter uma visão mais otimista. A Arte sempre se reinventa. Sempre foi assim, até em períodos mais sombrios da humanidade, como foi após a peste negra na Idade Média e depois das duas grandes guerras, a Arte sempre renasceu. Talvez a gente tenha que descobrir agora novos modos de produção, se cooperativar, fazer mais coproduções entre amigos, pra promover uma retomada do Cinema e da produção audiovisual como um todo. Entretanto, o certo mesmo seria poder contar com o poder público. Mesmo no Estados Unidos, onde o Cinema é definitivamente uma indústria, que não depende de verba pública, o Trump destinou uma centenas de milhões de dólares para ajudar os profissionais do audiovisual durante essa crise. Como o presidente daqui adora copiar tudo o que ele faz, poderia fazer o mesmo, pelo menos.

Para ouvir a entrevista na íntegra junto com as dicas culturais da semana para sua quarentena, aperte o play do nosso link abaixo.

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