Os pincéis, cores e belezas de Anderson Bueno | PERFIL

Por tOn Miranda

Anderson Bueno é sinônimo de criatividade, beleza e generosidade.

Conheço o Anderson desde 2014 e essas características dele sempre vêm estampadas em auto relevo no cartão de visitas.

Um dos designer de maquiagem e visagistas mais disputados pelo cenário teatral dos últimos anos, ele é o queridinho de muitos diretores e diretoras teatrais, só com Miguel Falabella já assinou a maquiagem de 07 espetáculos dirigidos pelo renomado encenador, dentre eles os premiadíssimos Hebe – O Musical e Alô, Dolly!  

Bueno é um profissional raro, do tipo autodidata, mas com especializações e imersões com profissionais nacionais e internacionais cujos os conhecimentos foram compartilhados para a formação da sua trajetória de sucessos que ele construiu um nome que é uma marca e um selo de qualidade criativa em todo e qualquer projeto que ele se envolve.

Em 2017, Anderson Bueno esteve conosco num bate-papo exclusivo com Bia Ramsthaler desvendando os segredos da sua carreira e da maquiagem no teatro:

Esse virginiano com ascendente em libra que fez aniversário no último dia 21 de setembro, atendeu ao nosso convite e respondeu as 28 perguntas dessa coluna que todo mundo adora – PERFIL. Vamos conferir esse bate delicioso com Anderson Bueno?

tOn Miranda: Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?

Anderson Bueno: Olha, eu tenho muitas lembranças, mas eu vou na lembrança mais antiga que eu tenho e que todo mundo fica passado, minha mãe mesmo fala que ela não acredita que eu tenho essa lembrança que sou eu de pé no berço, esticando os braços, eu vejo as minhas mãos, pro meu pai que está chegando do trabalho, trazendo maria-mole naqueles sacos de venda bege, meio marrom (risos)…é a lembrança que eu tenho mais antiga da infância. Agora num momento de brincadeira, mais criança, uns 09 ou 10 anos talvez, eu brincando no quintal com jato d’água, aquelas mangueiras que tinham revólver, que era bem forte na época, não tinha controle de pressão, eu pisei em cima de uma garrafa e acabei me ferindo, cortei o pé, passei aquele processo com hospital, então um momento da infância que eu tenho muito forte é essa memória mais antiga e o fato de eu ter me acidentado brincando com água no quintal.

tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?

Anderson: Eu acho que eu sempre gostei da área artística, porque eu me lembro de quando criança, na escola, eu sempre estar envolvido com teatro, com artes, eu era o melhor aluno na aula de Educação Artística, tudo que tinha a ver com expressão eu sempre estava envolvido, então quando tinha aqueles eventos de Independência do Brasil, Páscoa, qualquer coisa eu estava envolvido em alguma ação. E nunca era tipo: ‘independência do Brasil eu vou lá fazer as bandeirinhas verde e amarelo, não!’, eu ia declamara, algo que fosse de maior expressão eu estava envolvido.

tOn: Quem é uma inspiração para você?

Anderson: Poxa, muitas pessoas me inspiram. Se a gente falar na minha profissão, Max Factor, inicialmente, apesar que eu ando muito apaixonado pelo George Westmore que é também um dos pioneiros pra maquiagem pro Cinema, pro Teatro, tanto que nos Estados Unidos tem um prêmio de maquiagem chamado Georges Awards e que foi criado em homenagem a ele e a família toda é um clã muito grande, todos envolvidos com o universo da maquiagem. Então profissionalmente Max Factor e agora mais recentemente porque eu estou estudando muito a Família Westmore por conta de uns vídeos que eu estou fazendo e eu estou encantado por eles.

tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?

Anderson: Ai meu Deus! O que me irrita profundamente…não são todas… mas de você não dar bom dia, boa tarde, boa noite, sabe aquela situação de entrar no elevador, a pessoa não te diz bom dia, entendeu? Teu vizinho não te cumprimenta, isso me incomoda um pouco.

tOn: O que você vê como seus pontos fortes?

Anderson: Eu acho que sou uma pessoa determinada, eu não penso duas vezes pra trabalhar, eu não sou um cara preguiçoso, eu tento ajudar as pessoas o máximo que eu posso, de acreditar no projeto alheio, ajudar a pessoa prosperar, eu tenho boa vontade com as pessoas. Sofro um pouco por conta disso, porque, você nem sempre tem isso de retorno dos outros, mas eu sei que eu tenho, eu não tenho tempo feio, sabe? Acho que é isso…

tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?

Anderson: África! Não, espera aí, a Europa está mais longe que a África, eu já fui até a Alemanha, o mais distante que eu estive de casa. Eu adoro ficar longe de casa, mas gosto muito de voltar pra ela.

tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?

Anderson: Meu pai não cozinha, que dizer, não assim pratos gerais mas o que eu gosto do meu pai é o café que ele faz, o café do meu é muito louco, meio café de caipira, meu pai é muito caipira, eu gosto. Minha mãe, eu adoro a torta de palmito da minha mãe. A-D-O-R-O!

tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?

Anderson: Na verdade eu já contei isso algumas vezes, eu acho que a profissão me escolheu. Eu não achava que eu tivesse dom pra maquiar. Foi por um acidente, pois eu era assistente de um fotógrafo, o Tadeu Augusto Lopara, e faltou um maquiador no dia, de um determinado trabalho, e ele me fez ir lá e maquiar, por mais medo que eu tivesse, ele super apostou e acreditou que eu fosse capaz de executar, e eu acho que eu me sai bem, pois já se passaram 26 anos e eu vivendo da maquiagem.

tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?

Anderson: Madonna! Nossa, literalmente Madonna! Por muitas e muitas vezes. Agora nem tanto, mas a Madonna mais antiga, já chorei muito com as músicas dela, ela já me tirou de muita depressão, eu posso dizer que a música de Madonna já me salvou algumas vezes, literalmente, Madonna!

tOn: Quem são os seus melhores amigos?

Anderson: Eu tenho muitos amigos, mas eu não sou muito de frequentar a casa deles e nem eles a minha, eu acho que a amizade está muito além do que muitos entendem do que é amizade, que precisa ficar ligando, presenciando, estando presente o tempo todo. Mas eu tenho o Carlos Navas, é um grande amigo, Naíma é uma grande amiga, nossa, eu vou ser injusto com alguém, porque eu tenho muitos bons amigos, Sueli Madeira, eu tenho amigos que você pode ligar durante a madrugada e falar: ‘olha, eu estou precisando de uma lugar pra dormir, pra passar, to sem ter o que comer’, eu acho que são esses assim… a Keller, que mora na Inglaterra.

tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?

Anderson: Um só de maquiagem, que só tratasse de maquiagem, mas não de uma maneira fútil como muitos tratam, mas de uma maneira positiva, com autoestima, com qualidade de vida, com aspecto social, com aspecto de saúde, falando de cultura, trazendo a história da maquiagem, evolução, técnicas, produtos e afins.

tOn: Quem são os seus heróis?

Anderson: Minha mãe é uma boa heroína, dona Fátima, e uma mais distante é a Madonna, minha heroína também.

tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?

Anderson: ah… Maldivas, adoraria ir para aquelas ilhas, aqueles bangalôs dentro d’água… mas eu vou ainda, me aguarde!

tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?

Anderson: Vish…. eu não sou uma pessoa que ganho muito… quer dizer, tirando produtos de maquiagem (risos), a Catharine Hill me mandou um kit de umas novidades que vai entrar no mercado, foi a última coisa que eu recebi de graça.

tOn: Qual filme merece uma sequência?

Anderson: Ai, que pergunta difícil! Me veio um aqui agora, mas eu não vejo uma sequência, A Cor Púrpura.

tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?

Anderson: Se for uma pessoa viva, obviamente seria a Madonna (risos), apesar de eu ter medo de encontrar gente muito famosa. Agora se é uma pessoa que já existiu, que já viveu, tem duas: primeiro Max Factor, poder entrar dentro do laboratório dele, ver o cara pensando, criando, ver como ele lidava com as pessoas, com o auge de Hollywood, que era a meca dos sonhos, e se for mais antigo ainda, eu adoraria bater um papo com Jesus e dizer – ‘e aí meu filho, você tem certeza que vai fazer isso pela gente’, sabe uma coisa assim? ‘Tá certo disso?’, ‘Isso mesmo que você quer?’

tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?

Anderson: A não deixar nenhuma oportunidade passar, aproveitar muito todas as oportunidades, não ser bobo, ser bem esperto para umas coisas, esperto de uma maneira positiva, não esperto de querer trapacear, ou de me aproveitar das pessoas, esperto de não deixar as oportunidades passarem, de ser atento, bastante atento. Eu acho que eu deixei muitas oportunidades passarem por medo e por inexperiência.

tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?

Anderson: De transformação, óbvio (gargalhadas). Seria um poder de transformação, de poder me transformar em várias pessoas, no que eu quisesse. Super gêmeos ativar! De poder ajudar as pessoas, porque tem isso, as vezes ter uma determinada imagem, ela chega de uma maneira mais positiva para as pessoas. Seria o poder da transformação, de poder ir a lugares com diferentes caras e passar diferentes impressões.

tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?

Anderson: Pela minha obra, pelo meu caráter, eu acho que uma coisa não está muito distante da outra, mas que elas estivessem sempre em conjunto, porque é muito fácil a gente falar que o cara é super talentoso, mas que ele é tão chato, mas ele não presta e eu acho que eu procuro ser o melhor de mim, então eu gostaria de ser lembrado pela minha obra e meu caráter, meio em conjunto mesmo.  

tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?

Anderson: Como você começou sua carreira? Eu acho que é a mais chata porque todo mundo começa pelo começo de alguma maneira, é uma pergunta meio saber o que perguntar daí pergunta como é que você começou sua carreira…

tOn: Uma cor…

Anderson: Azul

tOn: Uma música…

Anderson: Like a Prayer – Madonna

tOn: Um lugar…

Anderson: Meu lar.

tOn: Um livro..

Anderson: estou relendo A Vida de Max Factor, o homem que mudou as faces do mundo.

tOn: Dia ou Noite?

Anderson: Dia pra vier e noite pra dormir.

tOn: Doce ou Salgado?

Anderson: os dois, mas eu sou viciado em doces.

tOn: Um prazer…

Anderson: hummm, muitos… mas um prazer dormir!

tOn: Uma saudade…

Anderson: ser criança e não ter obrigação com nada!

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