
Estreou no último sábado, 24 de outubro o espetáculo Cara Palavra, através do Teatro Porto Seguro, em formato remoto, respeitando os protocolos de segurança contra o covid-19.
Trata-se de um sarau poético performático, com Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella e Mariana Ximenes. A criação do espetáculo é das atrizes com participação do também diretor da peça Pedro Brício.
A apresentação traz o quarteto de atrizes encenando poremas de autoras brasileiras contemporâneas, cenas de ficção e até mesmo texto biográficos. É uma peça que traz reflexões através de bate-papo acerca do cotidiano – com drama, humor, amor, música… Tudo isso pensando num contexto de pandemia – que é o que estamos vivendo.
O desejo de fazer algo juntas já vem desde antes da pandemia. Na verdade, Mariana Ximenes e Débora Falabella contracenaram juntas em Se Eu Fechar Os Olhos Agora, série original GloboPlay e que já foi exibida na TV Globo no ano passado. Mas a parceria tão bem sucedida se repete para além das telinhas.
O músico Chuck Hipolitho sugeriu a ideia de um espetáculo com música e palavra, o que movimentou as amigas a trabalharem em algo juntas. Gustavo Giglio, Gianluca Misiti e Thiago Guerra ajudaram na tarefa da produção de vídeos onde as atrizes performavam sobre algum texto em uma página no Instagram.

Um bate-papo pra lá de divertido com as amigas discutindo sobre o “machinismo”
O perfil @cara.palavra traz o mais variado tipo de palavras em formato de textos – poesias, músicas, discursos políticos, sonetos… Tem espaço para tudo um pouco.
O projeto bem-sucedido ganhou vida para além das redes sociais e a estreia mostrou que foi um acerto de toda a equipe envolvida no projeto. Pedro Brício costurou toda a dramaturgia e dirigiu o espetáculo que reuniu as atrizes em diferentes locais para a apresentação.
Débora foi pessoalmente ao Teatro Porto Seguro, na cidade de São Paulo. Mariana também está em São Paulo, mas performando de sua casa, mesmo caso de Andréia que se apresentou ao vivo do Rio de Janeiro. Já Bianca está na Califórnia, nos Estados Unidos.
Apesar de o projeto ter sido todo concebido (e ensaiado) à distância, o grupo demonstra grande sintonia em tela. Temos poemas de diversas mulheres brasileiras como Viviane Mosé, Angélica Freitas e Ryane Leão, autora do célebre livro Tudo Nela Brilha e Queima que configura entre os mais vendidos em grandes sites de venda.
O espetáculo debate um pouco do dia-a dia das atrizes, mas traz também a ficção. Em determinada passagem, Bianca conta que mudou-se para a Califórnia por estar apaixonada. E no meio do relato, Débora entra com ela em tela e começam a encenar como um casal de namoradas.
A sintonia também é perfeita quando as atrizes se reúnem em algo que remete a uma mesa de bar, e através do discurso ironizam o machismo na sociedade, invertendo a lógica imposta a nós por tantos anos com frases como “Os homens ja trabalham, cuidam do filho, da casa… Que horas eles vão escrever? De madrugada?”
É um bate papo para lá de delicioso, que faz com que o espectador se sinta ali sentado, conversando com aquelas amigas pra lá de divertidas.

Reprodução: Instagram.
Cara Palavra traz ótimas atuações, texto afiado, direção minuciosa e bem trabalhada e, o melhor de tudo, propõe uma reflexão sobre o nosso papel enquanto cidadãos, tanto durante esse período de pandemia, como para além dele. É uma discussão pertinente e que vale a pena ser conferida.
O espetáculo está em cartaz em curta temporada no Teatro Porto Seguro de forma totalmente remota, durante todos os finais de semana até o dia 15/11, sempre às 20h.
Os ingressos são colaborativos, a partir de R$20,00 e parte do valor será destinado às campanhas que auxiliam profissionais das artes cênicas, que estãos em trabalhar devido à pandemia.
A cada apresentação, uma poeta será convidada para um bate-papo ao término do espetáculo. Na estreia, foi a vez de Ryane Leão (@ondejazzmeucoracao)
Não deixe de conferir.
Alerta de gatilho: Dá saudades de vivenciar o teatro de perto, na pele.
FICHA TÉCNICA
Elenco: Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella e Mariana Ximenes. Dramaturgia e Direção: Pedro Brício Com poesias de: Ana Martins Marques, Adelaide Ivánova, Angélica Freitas, Bruna Mirtano, Conceição Evaristo, Lygia Clark, Luna Vitrolira, Maria Rezende, Natasha Félix, Ryane Leão, Viviane Mosé, Wislawa Szymborskaya e Yasmin Nigri. Trilha Sonora Original: Chuck Hipolitho e Thiago Guerra Direção de Arte: André Cortez e Stephanie Fretin Direção de Fotografia: Azul Serra Direção de Movimento: Denise Stutz Pesquisa, co-criação e edição de vídeos: Luli (fru) Carvalho Interlocução Artística: Christiane Jatahy Produção de Imagem e edição de vídeo: Gianluca Misite e Gustavo Giglio Mixagem de Som: Tiago Abrahão Produção da live: Rodrigo Gava Técnico de som e Sonoplastia: Danilo Cruvinel Direção de Palco: Jimmy Wong Operadora de Câmera: Milena Seta Colaboração em direção de arte: Luli (fru) Carvalho Contrarregragem: Dara Duarte Poetisas convidadas: Adelaide Ivanova, Bruna Mitrano, Conceição Evaristo, Luna Vitrolira, Maria Rezende, Natasha Féliz, Rayane Leão, Viviane Mosé e Yasmim Nigri. Asessoria de Imprensa: Pombo Correio Produção: Corpo Rastreado (Gabi Gonçalves, Aline Mohamad, Leo Devitto e Thais Venitt) Criação do Espetáculo: Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella, Mariana Ximenes e Pedro Brício Idealização do projeto original: Andréia Horta, Bianca Comparato, Débora Falabella, Mariana Ximenes, Chuck Hipolitho, Gianluca Misti, Gustavo Giglio e Thiago Guerra. |