Carlos Gomes: Da vivência periférica ao centro do palco | PERFIL

Por tOn Miranda

Carlos Gomes, o Carlinhos para os que convivem no dia-a-dia com ele, é aquele carioca do interior do Rio de Janeiro, de Araruama, que veio morar nos anos 80 na periferia de São Paulo no Jardim Santa Margarida, bairro da zona sul de Sampa e que fez seu nome experimentando desde trabalhar como cobrador de ônibus clandestino a vendedor de rosas nos bares da cidade à noite.

Um apaixonado pelo samba e pela figura do malandro tocador de pandeiro, é um consciente portador de um corpo político de bixa preta, bacharel em Artes Cênicas pela Unicamp e em Pedagogia pela UFSCar. Atualmente é o coordenador do núcleo de artes cênicas no Itaú Cultural, onde junto com Galiana Brasil (gerente do núcleo) e uma equipe de produtores-curadores atenta as artes cênicas produzida em Sampa, no Brasil e no mundo produzem uma curadoria sensível às demandas identitárias e a construção de um repertório poético ao público do Instituto.   

Em 2008 foi contemplado pelo Prêmio Pesquisador 2008 do Centro Cultural São Paulo realizando o projeto “Um Batuque Memorável no Samba Paulistano” que consistiu em entrevistas com sambistas da velha guarda. O trabalho resultou em um livro e 8 curtas documentários.

Carlinhos, gentilmente, aceitou o nosso convite para contar suas histórias e traçar seu PERFIL com as 28 perguntas da nossa coluna. Vamos conferir?

tOn Miranda: Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?

Carlos Gomes: Meu pai me carregando no ombro na garagem dos ônibus em que ele trabalhava como cobrador.

tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?

Carlos: Em 1996 quando fui à exposição do Michelangelo no MASP fiquei tomado por aquele universo. E olha que lá só tinham os estudos, não fui a Capela Sistina. Quando saio na av. Paulista eu era muito pequeno pra ficar dentro de mim e não sabia o que estava acontecendo e nem como a arte poderia fazer aquilo comigo. Entendi que era na arte, não sabia fazendo o que, mas ali, havia decidido que onde.

tOn: Quem é uma inspiração para você?

Carlos: Não tem como ser diferente, mas a família, o que meus pais e minhas irmãs significam pra mim é incrível. Por mais que discordemos é ali o refúgio e fortaleza. É onde aprendi o que é amor. E o amor cura tudo.

tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?

Carlos: Esquecer a gratidão. Falo isso me incluindo.

tOn: O que você vê como seus pontos fortes?

Carlos: Persistência, garra, perseverança.

tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?

Carlos: Fazer as coisas mecanicamente. É uma distância não tão geográfica, mas é o que me deixa mais distante de minha casa, de mim.

tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?

Carlos: Frango com quiabo. Nada como ter uma mãe mineira.

tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?

Carlos: Na fila do vestibular pra Unicamp assinalando ali na hora de entregar a ficha que curso queria fazer.

tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?

Carlos: Maria Bethânia.

tOn: Quem são os seus melhores amigos?

Carlos: Luis Baron, um ex-namorado numa relação de 10 anos.

tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?

Carlos: Um que trouxesse o olhar crítico sobre os outros canais.

tOn: Quem são os seus heróis?

Carlos: Dandara e Zumbi (dos Palmares).

tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?

Carlos: Tailândia.

tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?

Carlos: Não tenho lembranças… (risos)

tOn: Qual filme merece uma sequência?

Carlos: É mais fácil qual filme não merece, (risos)… daí eu diria que Mamma Mia… gostei tanto do primeiro, o segundo foi horrível, apesar da Cher como mãe da Meryl Streep.

tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?

Carlos: Adoraria tomar uma cerveja com Chico Buarque, cantarolar e até arriscar um futebol. Por que? Ora, porque é o Chico.

tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?

Carlos: A meditar.

tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?

Carlos: Aquele que pudesse viajar no tempo… refazer coisas do passado.

tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?

Carlos: Ser lembrado já vai ser bacana.

tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?

Carlos: O que você curte?

tOn: Uma cor…

Carlos: Azul

tOn: Uma música…

Carlos: Grito de Alerta

tOn: Um lugar…

Carlos: Pipa

tOn: Um livro..

Carlos: Crime e Castigo

tOn: Dia ou Noite?

Carlos: Dia

tOn: Doce ou Salgado?

Carlos: doce

tOn: Um prazer…

Carlos: cozinhar

tOn: Uma saudade…

Carlos: passou.

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