Como a arte e a cultura transformam vidas e constroem novos futuros
Festival Nós Pela Cultural – edição 2024 | FOTO: divulgação
Por tOn Miranda
A terceira edição do Festival Nós Pela Cultura, uma iniciativa do Itaú Cultural e Fundação Casa do Estado de São Paulo, foi realizada no dia 18 de novembro de 2024 no palco da Sala Itaú Cultural, foi mais do que um evento artístico; foi uma jornada de resgate, inclusão e potencialização de vidas por meio da arte. O brilho dos jovens no palco e nos bastidores simbolizou o poder transformador da cultura, especialmente quando aplicado com intencionalidade e compromisso social. Com o comando inspirado do MC Marcello Gugu, a tarde ficou marcada por um profundo senso de coletividade, representado na força do pronome Nós.
“Nós”: Um Pronome de Transformação e União
O título do evento não poderia ser mais significativo. Nós simbolizamos, antes de tudo, uma ideia de coletividade e parceria, um fio que une vidas, histórias e trajetórias diversas em um propósito comum. O festival tem como missão conectar jovens em medidas socioeducativas, profissionais da produção cultural, parceiros institucionais e servidores em um trabalho colaborativo que reflete as possibilidades criadas quando todos trabalham juntos.
Na prática, Nós também é um convite para enxergar além de rótulos e estigmas, um chamado para considerar o potencial e o valor humano por trás de cada adolescente que participou do festival. Ao apostar na inclusão e no empoderamento desses jovens, o evento não apenas os coloca no centro do palco, mas também destaca suas capacidades e o impacto que o trabalho em equipe pode ter em suas vidas e na sociedade.
Arte como Ponte e Farol
A arte, no contexto do Festival Nós Pela Cultura, herdou um papel triplo: ponte para um novo horizonte, farol que guia novas possibilidades e ferramenta de transformação social. A diversidade das apresentações, que incluía teatro, dança, música, percussão e artes plásticas, mostrou não apenas os talentos desses jovens, mas também o poder da cultura como um caminho para expressar emoções, narrar histórias e abrir portas para um futuro mais digno.
Entre os destaques artísticos estavam o stand-up comedy de Sertãozinho, que trouxe leveza e humor ao evento, o canto coral das Casas Anita Garibaldi e Cerqueira César, que emocionou a plateia com sua harmonia, e as apresentações de dança de Jacareí e São José do Rio Preto, que trouxeram energia e força para o palco. Ainda se apresentaram os centros das casas: Mogi Mirim (Oficina de artes plásticas), Campinas (teatro), Guarujá (percussão), Três Rios (violão), Cora Coralina (violão) e Juquiá (percussão). Cada performance foi um testemunho da resiliência e do potencial criativo dos jovens, reforçando como o acesso à cultura pode transformar vidas.
Produção como Caminho de Futuro
Além de oferecer um espaço para artes plásticas, o festival foi uma escola prática para sete adolescentes que participaram como “jovens produtores”. Essa iniciativa, fruto de uma formação promovida pelo Itaú Cultural desde agosto, envolveu encontros presenciais e online com profissionais especializados, preparando-os para atuar nos bastidores do evento.
Esses jovens, oriundos de centros como Casa Atibaia, Casa Santo André I, Casa Osasco, Casa Rio Paraná, Casa Chiquinha Gonzaga, Casa Tapajós e Casa Botucatu, vivenciaram a realidade da produção cultural, desde a curadoria, organização logística até o apoio para a operação no dia do evento. Essa experiência prática foi fundamental para abrir perspectivas de carreira na indústria criativa, uma área que combina criatividade, inovação e geração de renda.
Dias de formação presencial para os jovens produtores sobre o universo da produção cultural – Festival Nós Pela Cultura | FOTO: divulgação
Uma Parceria Duradoura e Transformadora
O Festival Nós Pela Cultura é fruto de uma parceria sólida de mais de uma década entre o Itaú Cultural e a Fundação CASA, que juntos promovem ações de inclusão e acesso à cultura. Em 2024, essa colaboração foi realizada em 28 visitas presenciais ao acervo do Itaú Cultural e 10 encontros online, alcançando mais de 350 adolescentes. Essas atividades não apenas aproximam os jovens da arte, mas também fortalecem sua autoestima e ampliam suas visões de mundo.
Esse tipo de parceria é um exemplo inspirador de como as instituições podem unir forças para criar impacto social real e duradouro. O festival, que já se tornou um marco anual, é um símbolo de como o trabalho conjunto pode transformar vidas e construir futuros.
Marcello Gugu: O Conector de Sonhos
O carisma e o talento do MC Marcello Gugu foram elementos fundamentais para o sucesso do evento. Mais do que apresentar o festival, ele deu voz à essência do Nós Pela Cultura, conectando o público às histórias, aos talentos e aos sonhos que se desenrolavam no palco. Com uma trajetória consolidada no rap e no universo das palavras, Gugu trouxe inspiração e esperança, lembrando a todos que a arte tem o poder de reconstruir vidas e abrir caminhos.
Esperança no Olhar dos Jovens
O brilho nos olhos dos jovens que participaram do festival foi o testemunho mais poderoso do impacto desse evento. Ao final de cada apresentação, seja no palco ou nos bastidores, era visível o orgulho e a felicidade de quem encontrava, na arte e na cultura, uma janela para um futuro melhor. Esses momentos de realização pessoal e coletiva são uma prova de que a inclusão cultural é uma ferramenta impactante de transformação social.
Legado e Futuro
O Festival Nós Pela Cultura é mais do que um evento anual. Ele é uma plataforma de possibilidades, um espaço onde os jovens podem se reconectar com seus potenciais, onde instituições constroem pontes e onde a arte reafirma seu papel como agente de transformação. Esta edição foi um marco de brilho, superação e inovação, mas, mais importante, foi um lembrete de que a cultura pode ser um divisor de águas na vida de quem, muitas vezes, não vê horizontes.
Que as próximas edições continuam a expandir esse legado, provando que, quando há um NÓS, os limites se dissolvem, e tudo se torna possível.