por Dinho Santoz e Bia Ramsthaler
O filme brasileiro ‘Ainda Estou Aqui’ foi oficialmente indicado ao Oscar 2025 em três categorias: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz (indicação para Fernanda Torres). Essa conquista se mostra ainda mais significativa 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, receber a mesma indicação por sua atuação marcante no clássico ‘Central do Brasil’. Aliás, é importante destacar que ambos os filmes foram dirigidos por Walter Salles.
Dinho Santoz destaca que recentemente assistiu a uma seleção de filmes que disputam o Oscar 2025, incluindo ‘A Substância’, ‘Wicked’, ‘Ainda Estou Aqui’, e ‘Anora’. Uma das performances que mais o impressionou foi a de Demi Moore em ‘A Substância’, considerada uma forte concorrente na categoria de Melhor Atriz que, “além de apresentar uma atuação intensa, faz uma crítica incisiva ao etarismo, ao machismo e à busca desesperada pela beleza e pelo sucesso a qualquer custo”. Com elementos que lembram clássicos de terror dos anos 80, o filme provoca uma reflexão sobre as pressões sociais que enfrentamos, criando uma experiência angustiante e envolvente.
Porém, em ‘Ainda Estou Aqui’, Fernanda Torres chega como uma possível promessa pois entrega uma interpretação extraordinária e contida, repleta de emoções. Seu desempenho é envolvente e toca profundamente o público, convidando-o a sentir a força e a complexidade de sua personagem. Dinho Santoz destaca que para ele a estatueta do Oscar já tem uma dona: é dela.
‘Ainda Estou Aqui’ traz à tona uma história real e impactante da luta e resistência durante um período sombrio da história brasileira. A narrativa, baseada no livro homônimo que retrata a vida do autor Marcelo Paiva, revive as dificuldades enfrentadas na época da ditadura, uma realidade cruel e visceral que nos faz refletir sobre nosso passado. Fernanda Torres, ao interpretar Eunice Paiva, nos oferece uma performance que não apenas toca o coração, mas também ilumina as sombras do nosso passado.
Dinho acompanha a carreira de Fernanda Torres desde o emblemático ‘O Que É Isso, Companheiro?’, produzido em 1997, com direção de Bruno Barreto. Na televisão, suas performances em ‘Os Normais’ como Vani e em ‘Entre Tapas e Beijos’ caíram no gosto do brasileiro, tornando-a uma das atrizes mais queridas do país mesmo sem figurar constantemente no produto de maior sucesso da dramaturgia brasileira, as telenovelas.
Tendo estreado na televisão ainda muito jovem em 1981, na novela ‘Baila Comigo‘, Fernanda também esteve em ‘Eu Prometo’ (1983) e em ‘Selva de Pedra’ (1986). Porém foi no cinema que construiu sua sólida carreira com destaques para ‘A Marvada Carne” (1985), com direção de André Klotzel, que rendeu à Fernanda Torres os prêmios de Melhor Atriz no Festival de Gramado e no Festival de Havana; ‘Eu Sei Que Vou Te Amar’ (1986), com direção de Arnaldo Jabor e que rendeu a ela a Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes; ‘Capitalismo Selvagem’ (1993), com direção de André Klotzel; ‘Terra Estrangeira’ (1995), com direção de Walter Salles e Daniela Thomas; ‘O que é isso companheiro?’ (1997), filme foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e dirigido por Bruno Barreto; ‘Gêmeas’ (1999), dirigido por Andrucha Waddington; ‘Casa de Areia’ (2005), com direção de Andrucha Waddington, filme em que atuou ao lado de sua mãe, Fernanda Montenegro; ‘Os Normais’ (2003) com direção de José Alvarenga Jr.; ‘Redentor’ (2004), com direção de Cláudio Torres, entre outros.
A indicação ao Oscar 2025 é um tributo não apenas ao talento individual de Fernanda Torres, mas à herança cinematográfica de sua família e à história do cinema nacional, simbolizando a força, a fibra e a resistência que encarnam. A expectativa é alta para o Oscar e estaremos ligados.