Single chegou às plataformas em 18 de abril de 2025 e revela uma faceta folk-pop intimista do ator que o público aprendeu a ver em novelas e séries de ação

Capa do novo single “Lay” de Daniel Blanco | FOTO: divulgação
Por tOn Miranda
Era 11 de abril de 2025, comecinho de mais uma tarde outonal quando recebo uma mensagem direta e gentil: “Oi tonn! Minha ex me ligou por vídeo pedindo pra eu cantar até ela dormir e acabei improvisando frases que depois viraram a música ‘Lay’. Espero que goste ❤️.” Era o ator, cantor, compositor e músico Daniel Blanco me convidando a pré-salvar o lançamento do seu single e me revelando sem rodeios a sua inspiração artística para a canção…
Um lançamento que convida ao repouso
Depois de atiçar os fãs com pré-save no Instagram e a contagem regressiva “Tomorrow, everywhere” postada na véspera, Daniel Blanco liberou “Lay” nas plataformas digitais em 18 de abril de 2025. A faixa, distribuída pela Ditto Music, marca a primeira inédita do cantautor desde o EP Bender (2023) e finca de vez a bandeira de um folk-pop contemplativo que contrasta com a adrenalina das telas — onde ele vive hackers em DNA do Crime (Netflix), príncipes bíblicos em Reis e bad boys em Totalmente Demais.
Contrastando palcos: o ator versus o compositor
Quem vê a ficha do carioca (31) no IMDb — 232 capítulos de Malhação, mais de 100 em horário nobre e papéis recentes em thrillers — pode estranhar o tom sussurrado de “Lay”. A própria bio do Instagram resume a metamorfose: “ator e músico” — com o link direto para a canção e quase um milhão de seguidores migrando da telinha para o streaming. O contraste é tamanho que o single soa como making-of emocional de um intérprete acostumado aos holofotes: nas novelas, Blanco veste personagens expansivos; no estúdio, despe a armadura dramática para falar de vulnerabilidade, abrigo e cansaço urbano.

O ator e músico Daniel Blanco | FOTO: Anderson Marques / divulgação
Uma Anatomia de “Lay”
- Clima sonoro: violão dedilhado em dó maior serve de almofada para timbres aéreos de pad e um beat discreto; a produção, minimalista, abre espaço para o falsete cristalino e a voz doce e envolvente de Blanco, encerrando num fade-out contemplativo. A fórmula modulada que solta tensão sem recorrer a explosões pop, privilegiando intimidade sobre grandiloquência.
- Letra: gira em torno do verbo “lay” como metáfora de entrega. Versos descrevem o peso da cidade e o alívio de “descansar onde nada dói”, ampliando o campo semântico de cuidado e cura.
Por que importa
- Evolução artística – Depois de flertar com R&B alternativo em “Faster” (2022) e rock soft em Bender, Blanco assina aqui uma estética coesa, sussurrada e cinematográfica, coerente com seu background de ator — cada estrofe parece um plano-sequência de close-up emocional.
- Identidade brasileira sem carimbo óbvio – O sotaque carioca surge só na dicção, enquanto a produção conversa com Novo Amor e JP Saxe; resultado: um produto global, mas enraizado.
- Potencial de sincronização – O tema de acalanto, os arranjos limpos e a voz calorosa fazem de “Lay” forte candidato a trilhas de séries românticas ou campanhas de bem-estar.

O ator e músico Daniel Blanco | FOTO: Anderson Marques / divulgação
O próximo ato
Lay é o primeiro single do primeiro álbum solo de Daniel Blanco – o “Left Behind” que segundo o artista é uma obra que fala de “coisas que construíram o homem que eu sou hoje, mas que de alguma maneira ficou pra trás: a casa que eu cresci, as paixões fervorosas e imaturas, a despreocupação de ser um artista jovem, perdido no mundo… bom, pelo visto nem tudo a gente deixa pra trás (risos).
Daniel Blanco deve chegar com o álbum completo, muito em breve, enquanto isso, “Lay” cumpre o papel de cartão-postal íntimo: é como se o ator desligasse o refletor do set, acendesse uma vela e convidasse o ouvinte a sentar-se ao pé da cama — só para ouvir, respirar e, finalmente, deitar.
Em tempos de hiperestímulo, a proposta é quase revolucionária: parar. E Blanco, com sua voz doce e envolvente, mostra que, mesmo com currículo de astro teen e thrillers carregados de ação, ele sabe que a pausa também pode ser espetáculo.
Ouça Aqui