Por Juliane Oliveira
Gostaria de contar a história de um local muito representativo de Paris, o antigo prédio da Bolsa de Valores. Não vou falar de finanças não, apesar deste assunto também me interessar graças ao meu atual trabalho, porém este e os meus próximos artigos serão consagrados à paixão, ligada à vida e à arte.
Quando cheguei na França em 2010, morei em diversos lugares, desde o burguês bairro do 16, do lado da Embaixada da Rússia, à familiar cidade de Chaville, na região periférica de Paris, pertinho de uma floresta. No entanto, foi no 1er arrondissement, ali no meio do furdunço, em Chatelet – Les Halles, em um apartamento Hausmaniano, a 5 minutos do Centro Pompidou, do Marais, dos pequenos e médios museus, das galerias, da Torre Saint-Jacques, da Catedral de Notre Dame, das margens do Sena, no centro de Paris que encontrei o meu lugar. Eu que nasci no interior e tinha medo da capital – das capitais, de repente estava vivendo no coração de Paris.
E justamente no centro da cidade que encontramos o antigo prédio da « Bourse de Commerce « – A Bolsa de Valores de Paris, que acolhe atualmente a coleção de Arte Contemporânea do empresário e colecionador, François Pinault. Vou apresentar a vocês este novo museu que todos os parisienses estão ansiosos para descobrir. Com previsão de abertura para o inicio deste ano de 2021, ele continua fechado, como todos os outros da capital, aguardando as novas decisões governamentais relacionadas ao setor museal durante a pandemia.
O edifício cuja cúpula e decoração são, desde de 1986, classificados como monumento histórico, tem muita história para contar. Ele foi atribuído em 1885 à Câmara de Comércio, que o transformou. O arquiteto Henri Blondel, responsável pelas obras, fez com que o antigo mercado de trigo se transformasse em bolsa. Ele modificou a cúpula em ferro fundido e vidro e mandou revestir a parte inferior. O conjunto foi inaugurado em 24 de setembro de 1889. A cidade de Paris transferiu a propriedade do edifício para a Câmara de Comércio, por um franco simbólico, em 1949.
Importantes projetos de restauração foram realizados em 1989. Com a informatização dos mercados a prazo, a atividade do mercado de ações em commodities terminou em 1998 na Bolsa de Paris. Ele continua na forma de um mercado eletrônico dentro da Euronext. Desde então quase todo o monumento foi ocupado pela Câmara de Comércio e Indústria de Paris, que o gerenciava e oferecia serviços de criação de empresas, o centro de formalidade empresarial e inúmeras propostas de apoio às Pequenas e Médias Empresas.
Em 2016, François Pinault formalizou com a prefeitura de Paris o projeto de transformar a Bolsa de Valores de Paris em um museu de arte contemporânea. A renovação do edifício foi inteiramente financiada por ele, um valor de 120 milhões de euros. O colecionador mantém um vínculo estreito com o mundo da arte, conhecido por estar próximo dos artistas Jeff Koons, Cy Twombly, Richard Serra, Damien Hirst e Cindy Sherman.
A Bolsa de Valores de Paris torna-se então a nova casa da Coleção Pinault. Dedicada à arte contemporânea vista pelo prisma desta coleção. Aberto a todos os públicos e a todas as disciplinas artísticas, o novo museu oferecerá uma densa programação educacional e cultural além de conferências, exposições, concertos e performances.
O projeto arquitetônico da Bolsa de Valores – Coleção Pinault, dedica o máximo de espaço possível à programação e acolhimento do público, oferecendo, assim, cerca de 6.800 m2 de espaço expositivo, com superfícies que podem ser utilizadas de forma independente ou em combinação para acolher projetos que requeiram uma implantação em grande escala.
Quem é François Pinault
Nascido em 21 de agosto de 1936 em Champs-Gérale (Côtes-d’Armor), é um empresário bilionário francês, fundador das empresas Artémis e Kering (antiga PPR). Kering é um grupo francês do setor de luxo, proprietário de várias marcas, incluindo Gucci, Yves Saint Laurent, Bottega Veneta, Balenciaga, Boucheron, Alexander McQueen. A Kering Eyewear produz armações de óculos para marcas pertencentes ou não ao grupo.
François Pinault, 27ª fortuna mundial em 2020, entre a 4ª e a 6ª fortuna francesa, está entre os 10 maiores colecionadores de arte contemporânea do mundo.
Seu acervo reúne mais de 5.000 obras que abrangem o século 20 e 21. Desde 2006, o projeto cultural de François Pinault orienta-se em torno de três eixos: uma atividade museológica em Veneza, um programa de exposições fora dos muros e iniciativas de apoio aos artistas e de promoção da História da Arte. A atividade do museu desenvolve-se em dois locais excepcionais em Veneza: por um lado o Palazzo Grassi, adquirido em 2005 e inaugurado em 2006, e o Punta della Dogana, inaugurado em 2009. Estes espaços foram restaurados e projetados pelo arquiteto japonês Tadao Ando, vencedor do Prêmio Pritzker.
O início de uma coleção
Na década de 1970, François Pinault comprou seu primeiro quadro, Cour de ferme de Paul Sérusier, depois fez uma série de aquisições de pinturas de pintores do início do século 20, passando a gostar da arte moderna e contemporânea no final dos anos 1980, ele comprou o quadro Losangique II de Piet Mondrian por $ 8,8 milhões.
Na década de 1990, estabeleceu uma grande coleção particular de arte contemporânea. Comprou em 1998 a casa de leilões britânica Christie’s por 1,2 bilhão de euros. Em 2000, François Pinault anunciou sua intenção de construir um museu na Île Seguin para abrigar sua vasta coleção, desistindo do projeto 5 anos depois..
Pequena Biografia
Sou apaixonada por artes desde criança, minha mãe fazia muito artesanato, e era completamente manual mas também espiritual, a arte para mim não era « Coisa Mental ». Fiz licenciatura em Artes na UFJF, depois me especializei em Cultura e Arte Barroca na UFOP, trabalhei em museus, restaurando e conservando. Este percurso me fez sonhar com o velho mundo e é claro que fazer um mestrado em museologia na Escola do Louvre era meu maior sonho que consegui realizar em 2013. Continuei assim museografando pela vida. Paris é onde sempre sonhei estar, viver, ver, pensar e descobrir esta cidade é a maior experiência museográfica que eu poderia viver. Adorarei compartilhar minhas descobertas. Vamos juntos descobrir e redescobrir a França e outros lugares por onde andei e museografei.