No palco do Itaú Cultural, a atriz Ana Flavia Cavalcanti tece uma delicada tapeçaria de memórias, tecida com fios de aconchego e reflexões sociais. Em “Conforto”, a artista nos convida a uma viagem pela sua infância, entrelaçando vivências pessoais com o retrato do Brasil dos últimos anos.
Por tOn Miranda
Ana Flavia Cavalcanti num exercício de imensa generosidade e empatia ao próximo, nos presenteia com um dos bem preciosos que cada um de nós carrega consigo, seus “fundos preciosos”, como diria minha mãe, dona Noélia Miranda, onde ela sempre nos ensinou que “fundo de bolso, fundo de coração e fundo de quintal, não é para qualquer pessoa que você dá acesso”. Mas é exatamente o que Ana Flavia, nesse ato corajoso que é estar no palco, nos oferece e nos provoca em todos os sentidos as nossas memórias com o espetáculo Conforto: memórias auditivas, memórias visuais, memórias olfativas, memórias táteis e memórias gustativas.
Um Perfume Familiar:
O aroma de Comfort permeia o espetáculo, evocado por um pulverizador customizado que borrifa a cena com a fragrância da infância. Essa lembrança olfativa serve como portal para um universo de experiências, onde a artista revive diferentes personas.
Uma Babá, Uma Paquita, Uma Filha:
Ana Flavia dá vida a uma babá, a uma paquita e à sua própria mãe, a quem acompanhava nas casas de família onde ela trabalhava como faxineira. Através dessas personagens, a artista explora as desigualdades sociais, a alienação parental e a busca incessante pelo aconchego.
Do Periférico ao Paraíso:
A infância da atriz em Caetetuba, Atibaia, é retratada com detalhes vívidos. Os finais de semana, quando sua mãe estava em casa, eram os momentos mais preciosos. Essa memória contrasta com a fantasia de uma atriz que constrói a sua casa em uma praia paradisíaca no sul da Bahia.
A Fome Assombra:
A peça também faz uma crítica contundente à fome que assola o país desde os anos 1990. Inspirada pelo “Xou da Xuxa”, a artista questiona a disparidade entre a fartura exibida na televisão e a realidade de milhões de brasileiros que lutam pela segurança alimentar.
Por que você precisa assistir CONFORTO?
Porque simplesmente o talento de Ana Flavia Cavalcanti que é uma multiartista que transita entre a direção, atuação e a performance, está numa florada especial nesse espetáculo que transpira delicadezas e força artística. Sua trajetória, desde o trabalho como babá aos oito anos de idade até o sucesso nas séries “Os Outros”, “Notícias Populares” e “Santo Maldito”, é marcada por sua luta contra as desigualdades sociais.
Definitivamente, Conforto é um convite para mergulhar em um universo de memórias, reflexões e questionamentos sobre a busca pelo aconchego em um país marcado por contrastes.
SERVIÇO
Espetáculo Conforto
Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti
Somente até 10 de março (sábado às 20h e no domingo às 19h)
Na Sala Itaú Cultural (Piso Térreo)
Capacidade: 224 lugares
Duração: 100 minutos aproximadamente
Classificação Indicativa: 12 anos (temas sensíveis, angústia e violência)
Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir do dia 28 de fevereiro (quarta-feira), às 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br
PROTOCOLOS:
– É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após este horário, o ingresso não será mais válido.
– A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar, para retirada de uma senha para posteriormente ser trocada pelos ingressos de pessoas que não compareceram.
FILA DE ESPERA:
Os ingressos reservados valem até 10 minutos antes do início da sessão. Quem não conseguiu reservar o seu, pode comparecer ao Itaú Cultural no dia do evento e esperar por possíveis ingressos remanescentes. A fila começa a ser organizada uma hora antes do começo da atração e, caso haja desistência, os ingressos serão distribuídos às pessoas da fila por ordem de chegada.
FICHA TÉCNICA:
Concepção, direção e atuação: Ana Flavia Cavalcanti
Supervisão artística: Isabel Setti e Fábio Osório
Performer convidada: Val Cavalcanti
Direção de arte e vídeos: Ana Flavia Cavalcanti
Cenário: Marília Piraju
Cenotecnia: Cássio Omae
Figurino: Ana Flavia Cavalcanti
Trilha sonora: Lua Bernardo
Execução de música ao vivo: Lua Bernardo e Beatriz França (stand in)
Iluminação: Cyntia Monteiro
Operação de Luz: Cyntia Monteiro e Angel Taize
Operação de Vídeo: Tiago Silva
Fotografias: Hanna Vadasz, Jorge Bispo e Felipe Avila
Produção: Rafael Ferro
Produção Executiva: Jandilson Vieira
Assistente de Produção: Mariana Mollys
Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro
Preparação Vocal: Isabel Setti
Designer: Jonas “Joe” Borges e Daniel Kubalack
Tratamento de Fotos: Sérgio Lisboa