Zé Manoel Inaugura Nova Fase com “Coral”: Poética Afetiva e Sonoridades Universais no Sesc Consolação

Com lançamento ao vivo HOJE e AMANHÃ em São Paulo, o pernambucano traz um álbum que conecta raízes, ancestralidades e afetos em colaborações marcantes.

Por tOn Miranda

Zé Manoel está pronto para iluminar o palco do SESC Consolação hoje e amanhã (dias 13 e 14 de setembro), marcando o início da turnê de seu mais novo álbum, Coral. Este trabalho é um mergulho profundo nas influências afro-brasileiras e indígenas, onde cada faixa funciona como um elo sonoro entre as águas do São Francisco e as batidas do coração da MPB contemporânea.

O disco, produzido por Bruno Morais, é um caleidoscópio de emoções, com colaborações de nomes como Liniker, Luedji Luna, Alessandra Leão, Isadora Melo e Caetana. E Zé Manoel, com sua sutileza poética, transforma cada encontro musical em uma celebração de ancestralidade, amor e resistência. 

Hoje, os paulistanos terão o privilégio de vivenciar em primeira mão essa nova fase do artista, que no palco promete conectar canções de Coral com joias de seus álbuns anteriores.

Um passeio pela a alma de “Coral” 

1. Golden (feat. Gabriela Riley) 

Abrindo o álbum, “Golden” é uma ode à conexão pessoal de Zé Manoel com Gabriela Riley. Com uma produção minimalista e uma atmosfera quase etérea, a faixa reflete sobre o valor e a raridade do encontro amoroso. 

2. Canção de Amor Para Johnny Alf

Zé Manoel homenageia o mestre da bossa nova Johnny Alf, um dos pioneiros da música moderna brasileira. O piano, sempre central em sua obra, aqui se entrelaça delicadamente com arranjos que evocam o espírito criativo de Alf, enquanto a letra navega entre a saudade e a admiração.

3. Iyá Mesan (feat. Alessandra Leão)

Essa colaboração com Alessandra Leão é um tributo à espiritualidade afro-brasileira. “Iyá Mesan” honra as Yabás e exalta a força feminina através de vozes poderosas e arranjos vocais que dialogam com ritmos tradicionais, envoltos numa pulsação ancestral.

4. Lubi Prates [Interlúdio] (feat. Luedji Luna)

Um breve interlúdio poético com a voz de Luedji Luna e versos da poeta Lubi Prates, que traz uma atmosfera de transição, preparando o ouvinte para o próximo ato do álbum.

5. Above the Sky

Composta por Bruno Capinan e Zé Manoel, “Above the Sky” traz arranjos celestiais que flertam com o jazz contemporâneo e a música eletrônica, criando um espaço de contemplação e leveza. A canção fala sobre liberdade e transcendência, com uma delicadeza envolvente.

6. Malaika (feat. Luedji Luna) 

Uma reinterpretação da icônica canção africana “Malaika”, popularizada por Miriam Makeba. Zé Manoel e Luedji Luna tecem uma versão em português que celebra o amor e a união entre diferentes culturas, uma verdadeira ponte musical entre Brasil e África.

7. Deságuo Para Emergir (feat. Liniker)

Com Liniker, Zé Manoel apresenta “Deságuo Para Emergir”, uma canção que transborda emoções. Liniker traz sua voz inconfundível em uma letra que fala sobre renascimento e superação, com uma base rítmica envolvente e cheia de texturas.

8. Piano Fun [Interlúdio] (feat. Bruno Morais) 

Outro interlúdio instrumental, desta vez com toques de experimentação ao piano, que funciona como uma pausa reflexiva no meio do álbum, quase como uma respiração sonora.

9. Menina Preta de Cocar 

O primeiro single de Coral celebra a união dos povos africano e indígena. Com uma pegada dançante e uma sonoridade que combina as guitarras do queniano Kato Change e as flautas de Alexandre Rodrigues, Zé Manoel cria uma homenagem à mulher Afro-Indígena brasileira, marcada pelo ritmo do Caboclinho, que reverbera com alegria e força.

10. Coral 

A faixa-título é talvez o coração do disco. Inspirada em um sonho com Dorival Caymmi, “Coral” fala sobre o desejo de retorno às raízes e o autoconhecimento. A melodia é envolvente e introspectiva, ecoando o balanço das ondas e o canto das águas.

11. Siriri (feat. Caetana, Isadora Mello e Rafaela da Silva) 

Adaptando a canção tradicional “Siriri Sirirá” de Onildo Almeida, Zé Manoel e suas convidadas Caetana, Isadora Mello e Rafaela da Silva fazem desta faixa uma celebração da cultura nordestina. Com percussão vibrante e coros envolventes, a canção tem uma energia contagiante.

O Que Esperar do Show: Um Diálogo Entre “Coral” e os Clássicos 

A turnê de Coral promete ser um espetáculo sensorial. Zé Manoel, conhecido por sua delicadeza ao piano e suas interpretações emocionantes, deve equilibrar o novo repertório com clássicos de álbuns anteriores. De Do Meu Coração Nu (2020), faixas como “História Antiga” e “Não Negue Ternura” seriam belíssimos complementos ao universo sonoro de Coral. Já de Canção e Silêncio (2015), a densa e poética “Canção e Silêncio” e a suave “Acorda Flor” do álbum “Zé Manoel” (2014) poderiam oferecer um contraponto lírico ao show.

O público pode esperar uma noite de pura imersão, onde cada canção será uma janela para a alma do artista, com suas harmonias meticulosamente trabalhadas, além de arranjos que ressoam como verdadeiras orações musicais.

Prepare-se para embarcar em uma viagem musical que não só reflete a essência de Zé Manoel, mas que nos convida a mergulhar nas águas profundas da nossa ancestralidade e humanidade.

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