Alexandre Américo transforma drama pessoal em arte que cura | DANÇA

Artista resgata espetáculo Myo_Clonus para live inédita diretamente da sua casa em Natal

Por tOn Miranda

HOJE você vai receber um presente em forma de Arte, em forma de movimentos de dança que irão te atravessar e que certamente deixará em você uma marca indelével para a sua vida: estou falando da live MYO_CLONUS, espetáculo de dança desenvolvido pelo pesquisador, bailarino, coreógrafo e diretor artístico da Cia. Giradança, Alexandre Américo.

Segundo Américo, MYO_CLONUS é a sua primeira vontade de se tornar um criador ou dançarino sujeito que dança suas próprias questões, não endogenamente, mas questões que tentam dialogar com a comunidade, com a audiência, com as pessoas, questões que são mais amplas que o indivíduo em si, mas que partem do indivíduo, de uma experiência individual e singular no mundo. O espetáculo é uma obra que consiste em uma intensa investigação de uma maneira de mover, ser, existir no mundo, a partir de um traço que é naturalmente tido como impossibilitador da dança – a epilepsia mioclônica juvenil, distúrbio que acomete o próprio artista, mas que impulsiona o intérprete na tentativa de expressar o movimento em seu modo mais bruto: o espasmo.

“Eu sou um corpo que dança e que se move mioclônicamente. Eu sou um corpo desviante, capaz de existir reflexivo no ambiente balético”, nos diz Alexandre. “Quando comecei a dançar e fazer a graduação em dança, eu me deparei com situações muito delicadas, eu me descobri com epilepsia e passei a ter muitas convulsões enquanto eu aprendia coreografia, enquanto eu aprendia que a coreografia era ‘a dança’ necessariamente, e aqui em Natal tem muito uma cultura local de movimento que vem muito da dança moderna e do ballet clássico onde tem que ter muito movimento sequenciado, isso é uma parâmetro da dança, que recai nessa sequência de movimento. Eu me vi não podendo fazer essa sequência de movimento, pois quando eu fazia uma sequência… 1, 2, 3, 4, 5,6, 7 e 8…eu convulsionava!”

Alexandre diz que convulsiona até hoje e que isso significa que ele teve que aprender a não dançar mais daquele jeito. Com isso ele atravessou uma crise existencial pra tentar entender o que e como ele ia fazer pra transformar a sua dor em arte. Ele começou a observar como o seu corpo se comportava quando ele tinha as crises de convulsão, que não são convulsões generalizadas, mas sim uma convulsão que se manifesta pela mioclonia, que é um espasmo do músculo, aquela sensação que temos antes de dormir, onde o músculo está bem relaxado e ele pincela o corpo que relaxa e contraí bem rapidamente.  

“Eu entendo que esse trabalho por si só se torna um ato de subversão, um ato subversivo, por tudo o que eu sou, pela pessoa que eu me apresento, é um corpo que está aí, um corpo preto, é um corpo que dança uma outra lógica que não seja essa do passo, é um mover para ser”, conclui Alexandre Américo.

SERVIÇO

Myo_Clonus: live! QUINTA  06.08 |18:30

SINOPSE: Nosso corpo se elabora em um processo contínuo estritamente ligado ao contexto que nos encontramos. Para ser coerente a esta afirmativa, proponho uma dança em isolamento, circunstanciada no espaço-tempo pandêmico.

Compondo programação do #TudoEmCasaFecomercio

Transmissão pelo Instagram: @alexandreamericooficial

Classificação Livre

Realização: SESC-CE

Ficha Técnica:

Dança: Alexandre Américo

Música: Alexsandro Araújo

Luz: Camila Tiago

Foto: Brunno Martins

Arte: Yan Soares

Produção: Listo Produções!

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