Documentário ‘AmarElo – É Tudo Pra Ontem’ de Emicida é um presente de transformação pra sociedade | CRÍTICA

Por tOn Miranda

É um documentário musical? É uma aula de pretitude? É uma imersão sobre plantar, regar e colher? Ou é um manual prático de vida, resistência e arte? AmarElo – É Tudo Pra Ontem, um filme deLeandro Roque de Oliveira, o Emicida, é tudo isso e muito mais. É um mergulho no processo criativo de um dos artistas pretos com mais influência e eloquência dos tempos atuais, onde ele procura com sua trupe, devolver a sociedade brasileira, principalmente ao povo preto, não só a alma (como ele cita ao longo do documentário), mas o SENTIDO de ser preto e preta na sociedade brasileira e no mundo através da sua própria história e de seus pares.

O palco do Theatro Municipal de São Paulo e os bastidores da gravação do álbum AmarElo (2019) servem de cenário para a narrativa documental que Emicida conta através do resgate da história da cultura preta do Brasil nos últimos 100 anos. É esse resgate histórico que nos faz entender a nossa luta antirracista contemporânea com a nomeação de diversas figuras pretas históricas que ao longa da História foram apagadas ou silenciadas por esse sistema privilegiado da elite branca brasileira.

Não dá pra assistir ao AmarElo – É Tudo Pra Ontem e não sentir a urgência que se instaura a cada dia de reverter essa lógica. E não tem como você ser a favor da causa antirracista e não ser a favor das pautas feministas e LGBTQIA+. “É tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós…” como versa em Principia (feat poderoso com Fabiana Cozza e Pastor Henrique Vieira).

“Foram as histórias dos livros e dos filmes que me fizeram sonhar com outra possibilidade de ser, viver e existir”, diz Emicida. “A ideia do documentário é a de colocar as pessoas em contato com uma história que as façam se perguntar: se já houve neste país tanta grandiosidade, por que essas histórias vão sendo, de alguma maneira, invisibilizadas e esquecidas? Estou feliz que vamos conseguir apresentar em escala global outra perspectiva a respeito do Brasil. Isso é mágico”, reflete o rapper.

O documentário ainda brinda o público com entrevistas e encontros exclusivos com Fernanda Montenegro, Zeca Pagodinho, Majur, Pabllo Vittar, Larissa Luz em 90 minutos com realização da Laboratório Fantasma, produção do Evandro Fióti (irmão e empresário do Emicida) e direção de Fred Ouro Preto.

Muito simbólico e significativo o documentário ter sua estreia na grade da Netflix justo nesse 08 de dezembro de 2020, dia que se completam 1000 dias sem a resposta da pergunta: Quem mandou e por que mataram a deputada e ativista Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes? Crime político e racista que abalou o país e que até hoje a sociedade não tem as respostas.

Prepare os lenços e o mix de sentimentos para assistir ao documentário, ele é emocionante, nos atravessa de forma sem igual e nos ajuda a refletir e agir pra termos uma sociedade mais igualitária, antirracista e que possa ter orgulho de sua história. Assim como o Samba, foi a arte que marcou o convite a população que estava de quarentena por causa da pandemia da gripe espanhola, que AmarElo e toda Arte que tem sido produzida nesses tempos pandêmicos nos aponte para luz que aponta no fim desse túnel histórico que entramos.

SERVIÇO

AmarElo – É Tudo Pra Ontem

Um filme de Leandro Roque de Oliveira – Emicida

Onde assistir? Netflix

A partir de: 08 de dezembro de 2020

Duração: 90 minutos

Classificação 12 anos

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