Abra seus ouvidos e fique atento aos sinais do sonho musical de Pedro Madeira | PERFIL

Por tOn Miranda

“Deus, cadê o sonho que tu me deste? Cadê? Cadê o sol que ia nascer no leste? Leste desse país pra ensinar as coisas boas dessa vida, um caminho de partida para ser feliz. Deus, felicidade veio jamais. Deus, já vai por tanto tempo e eu não tenho paz. Sou um sofredor, lutei a vida inteira e não passei de um simples sonhador” versa em forma de oração a voz arrebatadora de um jovem carioca que eu conheci de forma inusitada. O jovem sonhador de apenas 22 anos e promessa promissora de novo talento da música popular brasileira, se chama PEDRO MADEIRA, seu nome já sugere uma espécie de resistência, uma resistência que é feita através da arte, da música, por um morador da comunidade do Mineiro Pau no bairro de Santa Cruz, localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Pedro, além de jovem, carrega a beleza preta ancestral que deve encher de orgulho seu pai chamado Fausto, que entrou em contato comigo para apresentar a belíssima voz desconcertante de Pedro que canta uma linda coleção de três recentes singles produzidos por Tuninho Villas, mas que ainda não foram lançadas para o público nas plataformas de áudio streaming.

As canções do estudante universitário de Serviço Social pela UFRRJ revelam o sonho musical de Pedro Madeira, tanto como intérprete como compositor. Em meio a dura realidade que a vida impõe, sonhar é sim um ato de resistência e correr atrás de concretizar seus sonhos é um claro sinal de existência e persistência.  A primeira vez que eu ouvi Pedro Madeira, eu achei que todas as três músicas a mim apresentadas fossem autorais, mas é que Pedro carrega no seu timbre suave e ao mesmo tempo metalizado, o que eu chamo de voz autoral, aquela voz que vem com assinatura que só os grandes intérpretes do nosso cancioneiro popular possuem.

A primeira música que eu escutei foi Petições, composta por Ozias Moreira e cujas palavras cabem como uma luva na voz de Pedro, pois ela se dirige a Deus e revela como é duro esse caminho de quem sonha e corre atrás de realizar o seu sonho. O do Pedro é de encontrar seu público e comunicar-se com ele através da sua arte, da sua música. A segunda música que ouvi foi Ódio do Odiado, a primeira autoral do Pedro Madeira que ele divide a composição com Pedro Peixoto e Mike Vieira.  A terceira e última dessa coleção foi a também autoral Chuva, que Pedro divide com Lucas Oliveira.

Pedro conta que tem o desejo de passar sua mensagem através de suas músicas (ele já tem umas 60 composições prontas para serem gravadas) e que elas alcancem o maior número de pessoas possíveis, principalmente as crianças da sua comunidade, para que elas possam olhar para ele e inspirar no seu exemplo de correr atrás do seu sonho, seja ela qual for.

Eu não sei como e quando as músicas de Pedro Madeira vão chegar ao grande público, mas uma coisa eu falo, fique atento a esse nome, a sua voz e a mensagem que ele traz através da sua arte. Antes mesmo que você tenha a oportunidade de conhecer o som de Pedro Madeira, conheça um pouco mais dele aqui na coluna PERFIL, e nas 28 perguntinhas que fiz pra ele para traçar o perfil desse jovem artista sonhador. Vamos conferir?

tOn Miranda:  Qual a lembrança marcante você tem da sua infância?

Pedro Madeira: As idas ao McDonald’s, os tempos que eu passava ouvindo música com meu pai, os momentos assistindo novela e dançando ao som das aberturas e das trilhas sonoras dos filmes com minha mãe.

tOn: O que te levou a se envolver com a área artística?

PM: Não faço ideia. Eu sempre amei música, mas ninguém na minha família canta, só a mãe do meu pai que já é falecida, ela cantava num coral, mas eu não a conheci. Acho que foi minha curiosidade e algo espiritual também, sabe? Nasci com isso e o universo foi me direcionando, as vezes eu cantava umas músicas da Whitney Houston sozinho pela casa e ficava surpreso porque algumas coisas que ela fazia eu também conseguia fazer, mas eu tinha muita vergonha de mostrar para as pessoas.

tOn: Quem é uma inspiração para você?

PM: Olha, musicalmente eu tenho 3 artistas que me inspiram demais, que são a Beyoncé, IZA e Demi Lovato, elas inspiram em áreas específicas, sabe? A Beyoncé me inspira por ser excelente em tudo o que ela se propõe a fazer. Ela prioriza muito o visual em todos os trabalhos e isso é uma coisa que eu quero muito fazer, porque além de escrever e cantar eu também enxergo música, sabe? Eu vejo o que eu canto acontecendo na minha cabeça, então eu amo essa parte visual. Demi Lovato me inspira num lado mais humano da coisa, sabe? Demi usa muito sua plataforma pra falar sobre coisas que importam no mundo, sejam questões que vão de brutalidade policial, até questões de gênero, usa a música pra inspirar, pra falar sobre saúde mental, etc., e eu sou universitário e faço Serviço Social, então minha visão crítica meio que foi forjada dentro desses assuntos e é impossível eu me tornar um artista e não falar sobre essas coisas. A IZA pra mim é uma junção dessas duas coisas. É excelente musicalmente e usa a plataforma pra falar sobre assuntos que importam, sem falar que é brasileira né? Então, basicamente, ela foi um combo artístico que eu ganhei de presente do universo pra poder me inspirar de forma mais próxima! (risos)

tOn: Qual o hábito mais chato das pessoas?

PM: Eu odeio gente que caga regra na vida dos outros.

tOn: O que você vê como seus pontos fortes?

PM: Eu sou muito corajoso. Se eu vejo algo que eu quero fazer, eu me movo e faço. Já me enfiei em situações que hoje em dia eu fico pensando “Nossa, como que eu consegui fazer isso?”. Eu acho que também tenho algo em mim de tentar sempre fazer as coisas, sabe? Se eu tenho algum problema e eu preciso solucionar ele eu tento, se eu conseguir tudo bem, se não, tudo bem também.

tOn: Qual o mais distante você já esteve de casa?

PM: Rio Grande Do Norte, certeza, foi o lugar mais longe que já fui.

tOn: Cite dois ou três pratos que remetem a sua infância e que eram especialmente memoráveis?

PM: Minha mãe fazia um angu com molho que só de lembrar eu já fico super nostálgico e minha avó fazia um arroz com cenoura que eu amava demais.

tOn: Em que momento decidiu fazer do seu talento uma profissão?

PM: Eu sempre amei música, desde criança, mas eu me tornei uma pessoa tímida no decorrer da minha pré-adolescência por conta do bullying que eu sofria na escola, daí em 2016 eu fiz o vestibular e não passei de primeira pro curso que eu queria na faculdade, então eu passei um período de 2017 sem saber o que fazer e dentro de mim uma coisa dizia pra eu começar a mexer com música, então eu busquei uma aula de violão e lá eu fui me soltando até começar a cantar. Acho que fui esse medo de não saber o que ter de profissão já que eu não tinha passado pra nenhuma faculdade naquele período.

tOn: Qual artista faz a trilha sonora da sua vida?

PM: Demi Lovato, com certeza. Ouço Demi pra fazer literalmente tudo e suas músicas sempre estiveram presentes na minha vida.

tOn: Quem são os seus melhores amigos?

PM: Meus pais. Sempre vão me apoiar, me levantar nos meus momentos de queda e sempre vão estar ali pra mim, independentemente de qualquer coisa.

tOn: Qual canal de TV não existe, mas deveria?

PM: Um que falasse de Beyoncé 24h por dia tipo aqueles canais que falam de igreja 24h por dia, sabe?

tOn: Quem são os seus heróis?

PM: Duas pessoas. Minha avó Delaíde, mãe da minha mãe, por ter criado as filhas sozinha, por ter sofrido muita coisa durante toda a vida dela e por sempre ter uma fé em Deus que é inspiradora demais e mesmo nos momentos mais difíceis nunca deixou de acreditar numa melhora de vida pra ela. A outra pessoa é minha outra avó, só que emprestada, Tia Arminda, mãe da namorada do meu pai. Ela é uma inspiração acho que pra todo mundo, ou deveria ser. Tia Arminda faz muito pelos outros e faz tudo de coração, sabe? Um exemplo de doação e de fé.

tOn: Onde você gostaria ir de férias e nunca foi?

PM: Salvador, com certeza.

tOn: Qual foi a última coisa que você conseguiu de graça?

PM: Dois livros que meu pai me deu de presente.

tOn: Qual filme merece uma sequência?

PM: O Diabo Veste Prada. Icônico demais.

tOn: Se você pudesse se encontrar com qualquer pessoa no mundo, quem seria e por que?

PM: A Whitney Houston e eu ia pedir pra ela cantar “Greatest Love Of All” na minha frente, só pra eu presenciar aquilo mesmo. (risos)

tOn: O que você ensinaria a você mesmo quando criança?

PM: A não se limitar por conta das outras pessoas, sabe? Diria que tá tudo bem não querer jogar futebol, não querer soltar pipa e que o jeito dele não tem nada haver com sexualidade, ou qualquer coisa do tipo. Diria pra ele sempre ser ele mesmo, em todos os espaços, sem medo de ser repreendido ou agredido pelas outras pessoas.

tOn: Se você fosse um herói, qual seria o seu super poder e por que?

PM: Sabe a Tempestade dos X-Men? Então, eu queria os poderes dela e eu não sei exatamente o motivo, mas eu acho muito da hora controlar o clima e ela é minha heroína favorita na ficção.

tOn: Pelo o que você gostaria de ser lembrado?

PM: Pela minha verdade e por sempre lutar pelo que eu acredito. Gostaria de ser lembrado como alguém que lutou pela justiça e pelo direito de todas as pessoas sonharem, porque existem pessoas que não tem o direito de sonhar. Eu pude sonhar, tive pessoas ao meu redor que trabalharam pra que eu pudesse ter esse direito, e os sonhos me fizeram ser quem eu sou hoje, então eu acredito que a capacidade de sonhar é uma forma de transformação muito grande em você e no mundo ao seu redor.

tOn: Qual a pergunta mais chata que fazem a você?

PM: Eu não tenho mais cabelo grande, mas quando eu tinha eu ouvia muito aquela famosa pergunta: “Como você faz pra lavar o seu cabelo?”. Era insuportável, mas fazer o que né.

tOn: Uma cor…

PM: Amarelo

tOn: Uma música…

PM: The Art Of Starting Over – Demi Lovato

tOn: Um lugar…

PM: Recife

tOn: Um livro..

PM: Percy Jackson e o mar de monstros

tOn: Dia ou Noite?

PM: Dia

tOn: Doce ou Salgado?

PM: Salgado

tOn: Um prazer…

PM: Estar com as pessoas que eu amo

tOn: Uma saudade…

PM: Festas

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