NOITE DO OSCAR 2021 CELEBRA A DIVERSIDADE EM CERIMÔNIA CERCADA DE PROTOCOLOS DEVIDO A PANDEMIA

Confira os destaques da premiação da 93ª Edição do Oscar

Por Thiago Nunes

Noite de Oscar é sempre um evento que chama a atenção. Seja pelos trajes de gala, por alguma indicação de apelo popular – ou controversa. Mas a 93ª cerimônia do Oscar chamou atenção para outros motivos.

O Dolby Theatre, onde a cerimônia acontece desde 2002, também foi usado, mas os indicados em si estavam na Union Station, em Los Angeles pare receber seus prêmios e desfilar pelo tapete vermelho com seus looks estonteantes.

Contudo, para a percepção geral o Oscar foi mais monótono e tranquilo, do que em anos anteriores. Não tivemos muitas surpresas nas vitórias e nem muito festejo… Pareceu mais uma cerimônia para não deixar passar em branco, mas que carrega um grande simbolismo que não podemos ignorar.

Vem com a gente conhecer os destaques da noite de premiação:

Emerald Fennell é a primeira mulher em treze anos a vencer a categoria de Melhor Roteiro Original

A atriz, produtora, roteirista e diretora Emerald Fennell venceu a categoria de Melhor Roteiro Original com seu filme “Bela Vingança”, que foi o filme “8 ou 80” da temporada de premiações. Ame ou odeie!

É um filme sobre vingança, mas que contém diversos gêneros em um só. A princípio parece um terror, depois uma comédia romântica e por último um suspense que enche o espectador de agonia. Tudo isso é bem retratado não só pelo roteiro, mas também pela direção através do uso de cores mais leves/pasteis ou mais fortes e escuras, dependendo do momento na narrativa.

Nos últimos treze anos, Emerald Fennell foi a primeira mulher a vencer a categoria. Antes dela, a última havia sido Diablo Cody em 2008 com Juno.

Daniel Kaluuya agora é Oscar Winner

Que Daniel Kaluuya é um excelente ator ninguém tem dúvidas, e o seu reconhecimento como Melhor Ator Coadjuvante foi um dos prêmios recentes mais merecidos de atuação na cerimônia. Ele que já era o favorito a ganhar o prêmio depois de ser agraciado com o reconhecimento da crítica e do público na temporada. Ele é o sexto ator negro a vencer a categoria, se juntando a nomes como Lous Gossett Jr, Denzel Washington, Cuba Gooding Jr, Morgan Freeman e Mahershala Ali que venceu duas vezes.

Daniel foi premiado por seu trabalho como Fred Hampton no longa Judas and the Black Messiah que está em cartaz em alguns poucos cinemas que estão abertos em meio à pandemia de covid-19.

Yuh-Jung Youn em Melhor Atriz Coadjuvante

A atriz sul-coreana de 73 anos estava indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em Minari, concorrendo com nomes como Olivia Colman que levou a estatueta em 2019 e Glenn Close, que já está em sua oitava indicação ao Óscar. Yuh-Jung Youn é reconhecidíssima na Coréia do Sul e se tornou a primeira atriz do país a vencer o Oscar de atuação.

Foi um prêmio merecido e como sempre ela roubou a cena brincando com Brad Pitt e se perguntando como podia ter ganho de Glenn Close, que afinal de constas, é a Glenn Close.

Chloé Zhao, segunda mulher a vencer o prêmio de Melhor Direção na história

Chloé Zhao venceu o prêmio de Melhor Direção por Nomadland. Ela que foi convidada pela atriz e produtora Frances McDormand trouxe em seu trabalho uma riqueza de imagens ao retratar o cotidiano de nômades.

Chloe é a segunda mulher, em noventa e três anos de premiação a vencer a categoria de Melhor Direção. Antes dela, somente Kathryn Bigelow havia faturado o prêmio pelo filme Guerra ao Terror, em 2010.

Frances McDormand próxima a quebrar um recorde

Frances McDormand faturou na noite de ontem mais dois prêmios – um como melhor atriz e outro como produtora, que vamos falar um pouco mais a seguir. Três de seus quatro prêmios são por atuação. Ela venceu também em 2018 por Três Anúncios Para um Crime e em 1997 por Fargo.

Ela foi indicada três vezes na categoria de Melhor Atriz, tendo vencido as três vezes. Isso a coloca como a segunda maior vencedora da história na categoria, ela só fica atrás de Katharine Hepburn, que venceu quatro vezes e é a atual campeã.

Nomadland é eleito o melhor filme da noite

O grande favorito levou sua estatueta principal, premiando mais uma vez Chloe Zhao e Frances que já haviam vencido em Melhor Direção e Melhor Atriz, respectivamente.

Como dito anteriormente, é um longa que retrata a vida de nômades, usando principalmente não-atores que são de fato nômades para ajudar na construção dessa história. Porém mais do que se aprofundar na vida diária deles: de lugar em lugar, trabalhando em empregos temporários etc. Zhao explora os ambientes com belíssimos planos abertos, iluminações naturais esplendorosas que enchem a tela e transformam o filme em uma arte para lá de agradável aos olhos do espectador.

Nomadland ainda não está disponível em nenhuma plataforma, mas está em cartaz em algumas salas de cinema que permanecem abertas.

A pessoa mais velha a ganhar um Oscar

Ann Roth se tornou a pessoa mais velha a ganhar um Oscar na noite de ontem. Seu trabalho em A Voz Suprema do Blues lhe rendeu uma estatueta de Melhor Figurino aos 89 anos de idade.

Contudo, mesmo diante de diversos destaques, nem sempre um destaque é positivo, não é mesmo?

Equívoco na direção chama atenção do público

Chamou atenção o fato da cerimônia do Oscar anunciar o prêmio de Melhor Filme antes das categorias de Melhor Atriz e Melhor Ator, uma vez que o principal prêmio da noite sempre encerra a cerimônia.

Steven Soderbergh foi o diretor da cerimônia e ele tinha como desafio trazer uma nova dinâmica, como ele mesmo disse à premiação, e essa troca de ordens na categoria foi um dos exemplos disso.

Porém, analisando friamente podemos entender que o fato de jogar a categoria de Melhor Ator para o final seria uma espécie de trazer a comoção para uma provável vitória póstuma de Chadwick Boseman na categoria.

Anthony Hopkins faturou a estatueta pelo seu brilhante papel em “Meu Pai”, onde o ator tem uma sensibilidade tremenda e rouba o filme pra si, no que pode ser considerada uma de suas maiores atuações na carreira.

Não tinha como Soderbergh saber quem seria o vencedor, mas se a estratégia era essa, acabou saindo fora do tom e prejudicando a dinâmica do show. A cerimônia terminou anticlimática com um Joaquin Phoenix (último vencedor da categoria, por Coringa) um tanto quanto ansioso pra terminar aquilo logo e Hopkins que não estava presente para receber seu prêmio.

Tivemos um corte seco para o final da cerimônia, que poderia ter terminado com o principal prêmio da noite com Frances McDormand uivando não só como uma referência a lobos ou algo assim, mas sim como uma homenagem a Michael Wolf, editor de som de Nomadland que sofria de depressão e cometeu suicídio em março desse ano.

Ao tentar capitalizar e gerar comoção em cima do legado do Chadwick Boseman, a cerimônia acabou perdendo uma outra homenagem tão importante quanto.

E ainda havia uma maneira de tentar deixar a situação menos desastrosa: Olivia Colman, parceira de Hopkins em Meu Pai e que também concorria ao prêmio faria o discurso de agradecimento e receberia o prêmio por ele, mas não tivemos tempo de ver isso acontecendo.

E vamos nos preparar para o Óscar 2022, torcendo por mais políticas públicas de investimento na cultura, pois é só através dela que teremos reconhecimento e também retorno financeiro.

Até mais!

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